وادي الملوك
( Vale dos Reis )O Vale dos Reis (em árabe: وادي الملوك; romaniz.:Wādī al Mulūk; Copta: ϫⲏⲙⲉ; Džēme) é um vale no Egito onde, por um período entre os séculos XVI-XI a.C., tumbas foram construídas para os faraós e poderosos nobres do Reino Novo (da XVIII até a XX dinastia do Antigo Egito). O vale se localiza na margem oeste do Rio Nilo, oposto a Tebas (atual Luxor), no centro da Necrópole de Tebas. O uádi consiste em dois vales, Vale Oriental (onde a maioria da tumbas reais estão situadas) e o Vale Ocidental.
Com a descoberta em 2006 de uma nova câmara (KV63), e em 2008 de outras duas entradas de tumbas, sabe-se que o vale possui 63 tumbas e câmaras (variando em tamanho desde KV54, uma simples cova, até KV5, uma tumba complexa com mais de 120 câmaras). Ele foi o principal local de sepultamento das principais figuras reais do Reino Novo egípcio junto com os de poderosos nobres. As tumbas reais ...Ler mais
O Vale dos Reis (em árabe: وادي الملوك; romaniz.:Wādī al Mulūk; Copta: ϫⲏⲙⲉ; Džēme) é um vale no Egito onde, por um período entre os séculos XVI-XI a.C., tumbas foram construídas para os faraós e poderosos nobres do Reino Novo (da XVIII até a XX dinastia do Antigo Egito). O vale se localiza na margem oeste do Rio Nilo, oposto a Tebas (atual Luxor), no centro da Necrópole de Tebas. O uádi consiste em dois vales, Vale Oriental (onde a maioria da tumbas reais estão situadas) e o Vale Ocidental.
Com a descoberta em 2006 de uma nova câmara (KV63), e em 2008 de outras duas entradas de tumbas, sabe-se que o vale possui 63 tumbas e câmaras (variando em tamanho desde KV54, uma simples cova, até KV5, uma tumba complexa com mais de 120 câmaras). Ele foi o principal local de sepultamento das principais figuras reais do Reino Novo egípcio junto com os de poderosos nobres. As tumbas reais são decoradas com cenas da mitologia egípcia e dão pistas para as crenças e rituais funerários do período. Quase todas as tumbas encontradas foram abertas e roubadas na antiguidade, mas mesmo assim ainda transmitem uma ideia da opulência e poder dos faraós. O local é foco de explorações arqueológicas e egiptológicas desde o final do século XVIII, e suas tumbas continuam a estimular interesse e pesquisas. Nos tempos modernos o vale ficou famoso pela descoberta da tumba de Tutancâmon (e os rumores de sua maldição), também sendo um dos sítios arqueológicos mais famosos do mundo. Em 1979, o vale, junto com toda a necrópole, se tornou um Patrimônio Mundial da UNESCO. Exploração, escavação e conservação continuam no vale, como também o turismo.
As Montanhas de Tebas são dominadas pelo pico do al-Qurn, conhecido pelos antigos egípcios como ta dehent, ou "O Pico".[1] Ele possui uma aparência que se assemelha a uma pirâmide, e é provável que ele tenha influenciado as pirâmides do Reino Antigo, mais de mil anos antes dos primeiros sepultamentos reais no vale.[2][3] Sua posição isolada também resultava em um acesso reduzido, e uma polícia especial (os Medjai) era capaz de guardar a necrópole.[4]
Apesar dos icônicos complexos de pirâmides no platô de Gizé terem virado o símbolo do Antigo Egito, a maioria das tumbas eram construídas dentro de rochas. Grande parte das pirâmides e mastabas contém seções escavadas no solo, e há também tumbas no Egito completamente escavadas na rocha que datam do Reino Antigo.[5]
Após a vitória sobre os Hicsos e a reunificação do Egito no reinado de Amósis I, os governantes de Tebas começaram a construir tumbas elaboradas que passariam a refletir seu poder recém encontrado.[6] As tumbas de Amósis e seu filho Amenófis I (suas localizações exatas ainda são desconhecidas) estavam provavelmente na necrópole Dra' Abu el-Naga', da XVII dinastia.[7] As primeiras tumbas reais construídas no vale foram as de Amenófis I (apesar disso ser discutido)[8] e Tutemés I, cujo conselheiro Ineni escreve em sua tumba que ele aconselhou seu faraó a colocar a sua no desolado vale (a identidade da verdadeira tumba ainda é incerta, porém é provavelmente KV20 ou KV38).[1]
“ Eu vi a escavação da tumba de pedra de sua majestade, sozinho, ninguém vendo, ninguém escutando.[9] ”O vale foi usado como principal local de sepultamento entre 1 539−1 075 a.C., aproximadamente, e contém pelo menos 63 tumbas, começando com a de Tutemés I (ou possivelmente mais cedo, durante o reinado de Amenófis I) e terminando com a de Ramessés X ou Ramessés XI, apesar de sepultamentos não-reais continuarem em tumbas usurpadas.[10]
Apesar de seu nome, o Vale dos Reis também contém as tumbas de nobres poderosos assim como as de esposas e filhos de faraós e nobres, significando que apenas por volta de 20 tumbas contêm realmente sepultamentos de reis; o resto consiste em nobres e famílias reais, junto com covas não marcadas e esconderijos de embalsamamento.[11] Por volta da época de Ramessés I, construções começaram a ser feitas no separado Vale das Rainhas.[12]
Necrópole RealO nome oficial do local nos tempos antigos era A Grande e Majestosa Necrópole dos Milhões de Anos do Faraó, Vida, Força e Saúde a Oeste de Tebas (abaixo a escrita hieroglífica), ou mais comumente, Ta-sekhet-ma'at, ou "O Grande Campo".[13]
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No começo da XVIII dinastia, apenas faraós eram sepultados em grandes tumbas; quando alguém fora da realeza era sepultado, era em uma câmara muito menor perto da tumba de seu mestre.[9] A tumba de Amenófis III foi construída no Vale Ocidental (WV22), enquanto que seu filho Aquenáton construiu a sua em Amarna; acredita-se que a inacabada WV25 era originalmente para ele.[14] Com a volta da antiga religião ao final da dinastia, Tutancâmon, Ay e Horemebe retornaram para a necrópole real.[15]
Na XIX e XX dinastia houve um aumento no número de sepultamentos reais (tanto aqui quanto no Vale das Rainhas), com Ramessés II e Ramessés III construindo tumbas enormes que foram usadas para sepultar seus filhos (KV5 e KV3, respectivamente).[16][17] Há alguns faraós que não foram sepultados no vale e cujas tumbas não foram localizadas: Tutemés II pode ter sido sepultado em Dra' Abu el-Naga' (apesar de sua múmia ter sido encontrada no esconderijo de Deir Elbari), o local de sepultamento de Semencaré nunca foi localizado, e Ramessés VIII aparenta ter sido sepultado em outro lugar.
Na Época das Pirâmides, a tumba de um faraó estava associada com um templo mortuário localizado próximo a pirâmide. Quando as tumbas passaram a ser escondidas, o templo foi movido para longe, mais perto das áreas de cultivo de frente para Tebas.[1] Esses templos mortuários se tornaram locais visitados em festividades realizadas na Necrópole de Tebas, mais notavelmente o Lindo Festival do Vale, onde barcas sagradas de Amom, sua consorte Mut e seu filho Quespisiquis deixariam o Templo de Carnaque para poderem visitar os templos funerários dos antigos faraós na margem oeste do Rio Nilo e seus santuários na necrópole.[18]
As tumbas foram construídas e decoradas por trabalhadores do vilarejo de Deir Almedina, localizado em um uádi entre o Vale dos Reis e o Vale das Rainhas, de frente para Tebas. Os trabalhadores iam até as tumbas através de rotas nas montanhas. A vida diária desses trabalhadores é bem conhecida, registrada em tumbas e em documentos oficiais.[19] Entre os eventos documentados está o primeiro registro de uma greve trabalhista da história da humanidade.[20][21]
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