Contexto de China

A República Popular da China (RPC; chinês simplificado: 中华人民共和国; chinês tradicional: 中華人民共和國; pinyin: zhōnghuá rénmín gònghéguó), também conhecida simplesmente como China, é o maior país da Ásia Oriental e o mais populoso do mundo, com mais de 1,38 bilhão de habitantes, quase um quinto da população da Terra. É uma república popular socialista unipartidária. Na constituição, descreve-se como um sistema multipartidário de cooperação e consulta política sob a liderança do Partido Comunista da China e como uma "ditadura democrática popular liderada pela classe trabalhadora e baseada na aliança de trabalhadores e camponeses". Tem jurisdição sobre vinte e duas províncias, cinco regiões autônomas (Xinjiang, Mongólia Interior, Tibete, Ningxia e Quancim), quatro municípios (Pequim, Tianjin, Xangai e Xunquim) e duas Regiões Administrativas Especiais com relativa autonomia (Hong Kong e Macau). A ca...Ler mais

A República Popular da China (RPC; chinês simplificado: 中华人民共和国; chinês tradicional: 中華人民共和國; pinyin: zhōnghuá rénmín gònghéguó), também conhecida simplesmente como China, é o maior país da Ásia Oriental e o mais populoso do mundo, com mais de 1,38 bilhão de habitantes, quase um quinto da população da Terra. É uma república popular socialista unipartidária. Na constituição, descreve-se como um sistema multipartidário de cooperação e consulta política sob a liderança do Partido Comunista da China e como uma "ditadura democrática popular liderada pela classe trabalhadora e baseada na aliança de trabalhadores e camponeses". Tem jurisdição sobre vinte e duas províncias, cinco regiões autônomas (Xinjiang, Mongólia Interior, Tibete, Ningxia e Quancim), quatro municípios (Pequim, Tianjin, Xangai e Xunquim) e duas Regiões Administrativas Especiais com relativa autonomia (Hong Kong e Macau). A capital da RPC é Pequim.

Com aproximadamente 9,6 milhões de quilômetros quadrados, a República Popular da China é o terceiro (ou quarto) maior país do mundo em área total e o terceiro maior em área terrestre. Sua paisagem é variada, com florestas de estepes e desertos (como os de Gobi e de Taclamacã) no norte seco e frio, próximo da Mongólia e da Sibéria (Rússia), e florestas subtropicais no sul úmido e quente, próximo ao Vietnã, Laos e Mianmar. O terreno do país, a oeste, é de alta altitude, com o Himalaia e as montanhas Tian Shan formando fronteiras naturais entre a China, a Índia e a Ásia Central. Em contraste, o litoral leste da China continental é de baixa altitude e tem uma longa faixa costeira de 14 500 quilômetros, delimitada a sudeste pelo Mar da China Meridional e a leste pelo Mar da China Oriental, além dos quais estão Taiwan, Coreia (Norte e Sul) e Japão.

A nação tem uma longa história, composta por diversos períodos distintos. A civilização chinesa clássica — uma das mais antigas do mundo — floresceu na bacia fértil do rio Amarelo, na planície norte do país. O sistema político chinês era baseado em monarquias hereditárias, conhecidas como dinastias, que tiveram seu início com a semimitológica Xia (aproximadamente 2 000 a.C.) e terminaram com a queda dos Qing, em 1911. Desde 221 a.C., quando a dinastia Qin começou a conquistar vários reinos para formar um império único, o país expandiu-se, fraturou-se e reformulou-se várias vezes. A República da China, fundada em 1911 após a queda da dinastia Qing, governou o continente chinês até 1949. Em 1945, a república chinesa adquiriu Taiwan do Império do Japão, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Na fase de 1946–1949 da Guerra Civil Chinesa, o Partido Comunista derrotou o nacionalista Kuomintang no continente e estabeleceu a República Popular da China, em Pequim, em 1 de outubro de 1949, enquanto o Partido Nacionalista mudou a sede do seu governo para Taipei. Desde então, a jurisdição da República da China está limitada à Taiwan e algumas ilhas periféricas (incluindo Penghu, Quemói e Matsu) e o país recebe reconhecimento diplomático limitado ao redor do mundo.

Desde a introdução de reformas econômicas em 1978, a China tornou-se em uma das economias de mais rápido crescimento no mundo, sendo o maior exportador e o terceiro maior importador de mercadorias do planeta. A industrialização reduziu a sua taxa de pobreza de 53% (em 1981) para 8% (em 2001). O país tem sido considerado uma superpotência emergente por vários acadêmicos, analistas econômicos e militares. A importância da China como uma grande potência é refletida através de seu papel como segunda maior economia do mundo (ou segunda maior em poder de compra) e da sua posição como membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e de várias outras organizações multilaterais, incluindo a Organização Mundial do Comércio, Cooperação Econômica Ásia–Pacífico, Grupo dos Vinte, BRICS e da Organização para Cooperação de Xangai. Além disso, o país é reconhecido como uma potência nuclear, além de possuir o maior exército do mundo em número de soldados e o segundo maior orçamento de defesa.

Mais sobre China

Informação básica
  • Nome nativo 中华人民共和国
  • Código de chamada +86
  • Domínio da Internet .cn
  • Mains voltage 220V/50Hz
  • Democracy index 2.27
Population, Area & Driving side
  • População 1443497378
  • Área 9596961
  • Lado de condução right
Histórico
  •  Ver artigo principal: História da China
    Pré-história
     Ver artigo principal: Pré-história chinesa

    Evidências arqueológicas sugerem que os primeiros hominídeos habitaram a China entre 250 mil a 2,24 milhões de anos atrás.[1] Uma caverna em Zhoukoudian (próximo da atual Pequim) continha fósseis datados entre...Ler mais

     Ver artigo principal: História da China
    Pré-história
     Ver artigo principal: Pré-história chinesa

    Evidências arqueológicas sugerem que os primeiros hominídeos habitaram a China entre 250 mil a 2,24 milhões de anos atrás.[1] Uma caverna em Zhoukoudian (próximo da atual Pequim) continha fósseis datados entre 300 mil e 780 000 a.C.[2][3] Os fósseis da caverna são do Homem de Pequim, um exemplo de Homo erectus que manipulava o fogo. Há também restos de Homo sapiens que datam de 18 a 11 000 a.C. encontrados no local do Homem de Pequim.[4]

    Primeiras dinastias
     
    Yin Xu, as ruínas da capital do final da dinastia Shang (século XIV a.C.)

    A tradição chinesa indica a Dinastia Xia como a primeira dinastia imperial, mas ela era considerada mítica até que escavações científicas encontraram os primeiros sítios da Cultura Erlitou, da Idade do Bronze, na província de Henan em 1959. Os arqueólogos já descobriram sítios urbanos, implementos de bronze e túmulos em locais citados como pertencentes aos Xia em antigos textos históricos, mas é impossível verificar se esses restos são dessa época sem registros escritos do período.[5]

    A primeira dinastia chinesa que deixou registros históricos foi a vagamente feudal Dinastia Shang (Yin), que estabeleceu-se ao longo do rio Amarelo, no leste da China, do século XVII ao XI a.C. A escrita oráculo em ossos dessa dinastia representa a forma mais antiga de escrita chinesa já encontrada e é uma ancestral direta dos caracteres chineses modernos usados em todo o leste da Ásia.[6]

    Os Shang foram invadidos pelo oeste pela Dinastia Zhou, que governou entre os séculos XII e V a.C., até que a sua autoridade centralizada foi lentamente corroída por senhores de guerra feudais.[6]

    Vários Estados independentes finalmente emergiram do enfraquecido governo Zhou e entraram em guerra constantemente uns contra os outros durante o chamado Período das Primaveras e Outonos, que durou 300 anos, sendo apenas ocasionalmente interrompido pelo imperador Zhou. Até o momento do Período dos Reinos Combatentes, durante os séculos V e III a.C., havia sete poderosos Estados soberanos no que é agora é a atual China, cada um com seu próprio rei, ministério e exército.[6]

    China Imperial
     Ver artigos principais: Guerras de unificação da China, Imperador da China e Dinastias chinesas
     
    Mapa animado do domínio das dinastias chinesas por ordem cronológica
     
    A Grande Muralha da China foi construída por várias dinastias ao longo de dois mil anos para proteger as regiões agrícolas sedentárias do interior chinês de incursões de pastores nômades das estepes do norte
     
    Alguns dos milhares de guerreiros de terracota em tamanho real da dinastia Qin (ca. 210 a.C.), parte do complexo do Mausoléu de Qin Shihuang.

    O primeiro Estado unificado chinês foi estabelecido por Qin Shi Huang, do Estado Qin, em 221 a.C. Qin proclamou-se o "Primeiro Imperador" (始 皇帝) e impôs muitas reformas em toda a nação, principalmente a normalização forçada da língua, medidas, comprimento de eixos e da moeda chinesa. A Dinastia Qin durou apenas quinze anos, caindo logo após a morte de Qin Shi Huang, que com o duro legalismo e políticas autoritárias levou a uma rebelião generalizada no país.[7][8]

    A subsequente Dinastia Han governou a China entre 206 a.C. e 220 d.C. e criou uma duradoura identidade cultural entre a população, fator que resiste até os dias atuais.[7][8] Essa dinastia expandiu consideravelmente o território do império através de campanhas militares que atingiram Coreia, Vietnã, Mongólia e Ásia Central, além de também ter ajudado a criar a Rota da Seda no centro da Ásia. A China foi por grande parte dos últimos dois milênios a maior economia do mundo. No entanto, na parte final da Dinastia Qing, o desenvolvimento econômico chinês começou a declinar e o rápido desenvolvimento da Europa durante a Revolução Industrial permitiu-lhe ultrapassar a nação chinesa (ver Grande Divergência).[9]

    Após o colapso dos Han, um outro período de desunião seguiu-se, que incluiu a época chamada de Três Reinos.[10] Os Estados independentes chineses deste período, como o Wu Oriental, estabeleceram relações diplomáticas com o Japão,[11] introduzindo o sistema de escrita chinês por lá. Em 581, a China foi reunificada sob o governo da Dinastia Sui.[12] No entanto, essa dinastia recuou após sua derrota na Guerra Goguryeo-Sui (598–614).[13][14]

    Durante as dinastias Tang e Song, a tecnologia e a cultura chinesa entraram em uma idade de ouro.[15] O Império Tang esteve no auge do poder até meados do século VIII, quando a Rebelião de An Lushuan destruiu a prosperidade do reino.[16] A dinastia Song foi o primeiro governo na história do mundo a emitir papel-moeda e a primeira entidade política chinesa a estabelecer uma marinha permanente. Entre os séculos X e XI, a população da China dobrou de tamanho. Esse crescimento se deu por meio do cultivo de arroz, expandido na China central e austral, e à produção de excedentes abundantes de alimentos.[17]

    Dentro das suas fronteiras, a dinastia Song do Norte tinha uma população de cerca de 100 milhões de habitantes. O governo dessa dinastia foi um período culturalmente rico para a filosofia e as artes da nação. A pintura de paisagem e de retrato foram trazidas para novos níveis de maturidade e complexidade após o reinado dos Tang e as elites sociais se reuniram para apreciar e partilhar a sua própria arte, além de negociar obras preciosas. Filósofos como Cheng Yi e Zhu Xi revigoraram o confucionismo, infundido ideais budistas, e destacaram uma nova organização de textos clássicos que levaram à doutrina central do neoconfucionismo.[17]

    Em 1271, o líder mongol e quinto cagano do Império Mongol, Kublai Khan, estabeleceu a Dinastia Yuan, com o último remanescente da Dinastia Song caindo para os Yuan em 1279. Antes da invasão mongol, as dinastias chinesas teriam tido cerca de 120 milhões de pessoas sob seu comando; após a conquista ter sido concluída em 1279, o censo de 1300 estimou cerca de sessenta milhões de habitantes.[18]

    Um camponês chamado Zhū Yuánzhāng derrubou a Dinastia Yuan em 1368 e fundou a Dinastia Ming.[19] Sob essa dinastia, a China entraria em outra era de ouro, com o desenvolvimento de uma das mais fortes marinhas do mundo e uma economia rica e próspera em meio a um florescimento artístico e cultural. Foi durante este período que Zheng He liderou explorações em todo o mundo, chegando até ao continente africano. Nos primeiros anos da dinastia Ming, a capital da China foi transferida de Nanquim para Pequim.[20]

    Durante a Dinastia Ming, pensadores como Wang Yangming criticaram e ampliaram o neoconfucionismo através dos conceitos do individualismo e da moralidade inata, o que teria um impacto enorme sobre o posterior pensamento japonês. A Coreia Joseon também se tornou um Estado vassalo da China Ming e adotou a maior parte de sua estrutura burocrática neoconfucionista.[20]

    Em 1644, Pequim foi saqueada por uma coalizão de forças rebeldes lideradas por Li Zicheng, um oficial Ming inferior que liderou a revolta camponesa. O último imperador Ming, Chongzhen, cometeu suicídio quando a cidade caiu. A Dinastia Qing, de origem manchu, então aliou-se ao general Ming Wu Sangui e derrubou a dinastia Shun, de Li, e depois assumiu o controle de Pequim, que se tornou a nova capital dos Qing. No total, o custo da conquista manchu da China foi de mais de 25 milhões de vidas.[21]

     
    A Cidade Proibida, em Pequim, foi o palácio imperial chinês desde meados da Dinastia Ming até ao fim da Dinastia Qing. Atualmente o local é considerado Patrimônio Mundial pela UNESCO.[22]
    Declínio dinástico e guerras
     
    Território da dinastia Qing em 1890, a última dinastia imperial da China e o auge territorial do país
     
    Juncos chineses sob bombardeio britânico durante a Guerra do Ópio

    A Dinastia Qing, que durou até 1912, foi a última dinastia imperial da China. No século XIX, essa linhagem adotou uma postura defensiva em relação ao imperialismo europeu, embora estivesse envolvida em uma expansão imperialista particular para a Ásia Central. Neste momento, o país começou a perceber a importância do resto do mundo, em particular do Ocidente. Como a China se abriu ao comércio exterior e à atividade missionária, o ópio produzido pela Índia britânica foi forçado a entrar no Império Qing. Duas Guerras do Ópio com a Grã-Bretanha enfraqueceram o controle do Imperador. O imperialismo ocidental revelou-se desastroso para o país:

    O fim da Guerra do Ópio marcou o início do imperialismo ocidental na China. Tratados desiguais, impostos no final da guerra, forçaram a China a ceder Hong Kong, abrir 'Tratados dos Portos' para o comércio exterior, pagar indenizações a seus vencedores e permitir que os estrangeiros que vivessem e trabalhassem em solo chinês ficassem livres da jurisdição da lei local (extraterritorialidade). Ao longo dos anos, novas guerras com as potências ocidentais expandiram essas imposições sobre a soberania nacional da China, que culminou com o Tratado de Shimonoseki, que encerrou a Guerra Sino-Japonesa de 1894-95.
    [23]

    O enfraquecimento do regime Qing e a humilhação aparente dos tratados desiguais aos olhos do povo chinês levou à crescente desordem social doméstica. No final de 1850, o sul chinês entrou em ebulição com a Rebelião Taiping, uma violenta guerra civil que durou até 1864. A rebelião foi liderada por Hong Xiuquan, que foi parcialmente influenciado por uma interpretação idiossincrática do cristianismo. Hong acreditava ser ele o filho de Deus e o irmão mais novo de Jesus.[24]

     
    Pintura do século XIX da Rebelião Taiping de 1850–1864
     
    Na Guerra Sino-Japonesa de 1894–1895, que foi disputada pela influência na Coreia, as tropas japonesas derrotaram as forças da Dinastia Qing
     
    Em 1900, a Aliança das Oito Nações invadiu a China para derrotar o Levante dos Boxers e seus apoiadores Qing

    Embora as forças de Qing tenham sido vitoriosas, essa guerra civil foi uma das mais sangrentas da história da humanidade, custando pelo menos 20 milhões de vidas (mais do que o número total de mortes da Primeira Guerra Mundial), com algumas estimativas chegando até 40 milhões de mortos. Outras rebeliões custosas seguiram a Rebelião Taiping, como Guerras do Clã Punti-Hakka (1855–1867), Rebelião Nien (1851–1868), Rebelião Miao (1854–1873), Revolta dos Panthay (1856–1873) e a Revolta Dungan (1862–1877).[24][25]

    Cada uma dessas rebeliões resultou em uma perda estimada de vários milhões de vidas e teve um impacto devastador sobre a já frágil economia do país.[26][27][28] O fluxo do ópio britânico apressou ainda mais a queda do império. No século XIX, a era do colonialismo estava no auge e a grande diáspora chinesa começou, sendo que hoje cerca de 35 milhões de chineses vivem no sudeste da Ásia.[29] As taxas de emigração foram reforçadas por catástrofes nacionais, como a Fome do Norte da China de 1876–1879, que custou entre 9 e 13 milhões de vidas.[30] De 108 a.C. até 1911, a China passou por 1 828 períodos de fome[31] (um por ano) em algum lugar do território do império.[32]

    Enquanto a China era destruída por contínuas guerras, o Japão Meiji conseguia rapidamente modernizar suas forças armadas e definir suas ambições sobre a conquista da Coreia e da Manchúria. A pedido do imperador coreano, o governo Qing enviou tropas para ajudar a suprimir a Rebelião Tonghak em 1894. No entanto, o Japão também enviou tropas para a Coreia, levando à Primeira Guerra Sino-Japonesa, o que resultou no fim da influência da China Qing na península coreana, bem como a cessão de Taiwan (incluindo as Ilhas Pescadores) para o Japão em 1895.[33]

    Após esta série de derrotas, um plano de reforma para o império para se tornar uma moderna monarquia constitucional ao estilo Meiji foi elaborado pelo imperador Guangxu em 1898, mas encontrou resistência e foi parado pela imperatriz Tseu-Hi, que colocou imperador sob prisão domiciliar em um golpe de Estado. O malfadado levante dos boxers de 1898–1901, cujo principal alvo eram os ocidentais em Pequim, resultou em cerca de 115 mil mortes.[34]

    No início do século XX, uma massiva desordem civil havia começado e apelos por reformas e revolução eram ouvidos em todo o país. O imperador Guangxu de 38 anos de idade morreu em prisão domiciliar em 14 de novembro de 1908, curiosamente um dia antes da morte da própria Tseu-Hi. Com o trono vazio, ele foi sucedido pelo herdeiro escolhido a dedo pela imperatriz, seu sobrinho de dois anos de idade Pu Yi, que se tornou o imperador Xuantong. A consorte de Guangxu tornou-se a imperatriz viúva Longyu. Em outro golpe de Estado em 1912, Yuan Shikai derrubou Pu Yi e forçou Longyu a assinar o decreto de abdicação como regente, terminando mais de dois mil anos de domínio imperial na China. Longyu morreu, sem filhos, em 1913.[35]

    República e guerra civil (1912–1949)
     Ver artigos principais: República da China (1912–1949), História da República da China e Guerra Civil Chinesa
     
    Sun Yat-sen, o pai da China moderna (sentado à direita), e Chiang Kai-shek, posteriormente o presidente da República da China

    Em 1 de janeiro de 1912, a República da China foi estabelecida, anunciando o fim da China Imperial.[36] Sun Yat-sen do Kuomintang (Partido Nacionalista ou KMT) foi proclamado o presidente provisório da República.[37] No entanto, a presidência foi dada mais tarde a Yuan Shikai, um ex-general Qing, que tinha assegurado a deserção de todo o Exército de Beiyang do império Qing à revolução. Em 1915, Yuan proclamou-se Imperador da China, mas foi forçado a abdicar e restabelecer a república em face da condenação popular, não só da população em geral, mas também do próprio Exército de Beiyang e de seus comandantes.[38]

    Após a morte de Yuan Shikai em 1916, a China estava politicamente fragmentada, com um governo reconhecido internacionalmente, mas virtualmente impotente no âmbito doméstico e assentado em Pequim. Senhores da guerra regionais exerciam controle real sobre seus respectivos territórios.[39][40] No final dos anos 1920, o Kuomintang nacionalista de Chiang Kai-shek foi capaz de reunificar o país sob seu próprio controle através de uma série de hábeis manobras políticas e militares, conhecidas popularmente como a Expedição do Norte.[41][42]

    O Kuomintang mudou a capital do país para Nanquim e implementou a "tutela política", um estágio intermediário de desenvolvimento político delineado no programa San-min, de Sun Yat-sen, para transformar a China em um Estado democrático moderno. Efetivamente, a tutela política significou um governo unipartidário comandado pelo Kuomintang, mas o partido dividiu-se politicamente em facções concorrentes.[43][44]

    Esta divisão política tornou difícil para Chiang combater os comunistas, com quem o Kuomintang guerreava desde 1927, na Guerra Civil Chinesa. Esta guerra continuou com êxito para o Kuomintang, especialmente depois que os comunistas se retiraram na Grande Marcha, até que o Incidente de Xi’an e a agressão japonesa forçaram Chiang a enfrentar o Japão Imperial.[45][46]

       
    Civis chineses sendo enterrados vivos por soldados japoneses durante o Massacre de Nanquim, na Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945)
    Chiang Kai-shek e Mao Tsé-Tung celebram a vitória sobre o Japão, no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945

    A Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937–1945), uma parte da Segunda Guerra Mundial, forçou uma aliança entre o Kuomintang e os comunistas. A "Política dos Três Tudos" do Japão no norte da China—"matar todos, queimar tudo e destruir tudo"—levou a inúmeras atrocidades de guerra cometidas contra a população civil pelos soldados japoneses; ao todo, mais de 20 milhões de civis chineses morreram.[47][48][49] Estima-se que 200 mil chineses foram massacrados apenas na cidade de Nanquim durante a ocupação japonesa.[50]

    O Japão se rendeu incondicionalmente para a China em 1945. Taiwan, incluindo as Ilhas Pescadores, foi colocada sob o controle administrativo da República da China, que imediatamente reivindicou sua soberania. A China emergiu vitoriosa, com o auxílio da invasão soviética em agosto de 1945, mas foi devastada e financeiramente drenada pela guerra.[51] A desconfiança permanente entre o Kuomintang e os comunistas levou à retomada da guerra civil. Em 1947, a lei constitucional foi estabelecida, mas por causa da contínua agitação muitas disposições da Constituição da República da China nunca foram implementadas na China continental.[52][53][54]

    República Popular (1949-presente)
     Ver artigo principal: História da República Popular da China
    Maoismo
     Ver artigos principais: Mao Tsé-Tung e Maoísmo
     
    Mao Tsé-Tung proclama a criação da República Popular da China em 1949
     
    O Cemitério de Confúcio em Qufu foi atacado pela Guarda Vermelha durante a Revolução Cultural.

    Os conflitos da Guerra Civil Chinesa terminam em 1949, quando o Partido Comunista tomou o controle da China continental e o Kuomintang recuou para o mar, reduzindo seu território para apenas Taiwan, Ainão e suas ilhas vizinhas. Em 1 de outubro de 1949, Mao Tsé-Tung proclamou a criação da República Popular da China,[55] que ficou conhecida no ocidente como "China comunista" ou "China Vermelha" durante o período da Guerra Fria. Em 1950, o Exército de Libertação Popular (ELP) teve sucesso na recaptura de Ainão da República da China, ocupou o Tibete e derrotou a maioria das forças remanescentes do Kuomintang nas províncias de Iunã e Sinquião, apesar de alguns redutos do Partido Nacionalista ainda tiverem sobrevivido por muito mais tempo.[56]

    Os primeiros líderes da República Popular da China (RPC) nasceram na ordem imperial tradicional, mas foram influenciados pelo Movimento de Quatro de Maio e pelos ideais reformistas. Eles tentaram mudar alguns aspectos tradicionais da cultura chinesa, como a posse da terra rural, o sexismo e o sistema educacional confucionista, preservando outros, como a estrutura familiar e a cultura de obediência ao Estado.[57]

    Mao encorajou o crescimento da população e, sob a sua liderança, a população chinesa quase duplicou, passando de cerca de 550 milhões para mais de 900 milhões de habitantes.[58] No entanto, o "Grande Salto Adiante" de Mao, um projeto de larga escala de reforma econômica e social, resultou em um número estimado de 45 milhões de mortes entre 1958 e 1961, principalmente por causa da fome.[59] Entre 1 e 2 milhões de proprietários de terra foram executados sob a acusação de serem "contrarrevolucionários".[60]

    Em 1966, Mao e seus aliados lançaram a Revolução Cultural, que duraria até a morte do líder comunista uma década depois. Essa Revolução, motivada por lutas de poder dentro do partido e pelo medo da União Soviética, levou a uma grande reviravolta na sociedade chinesa. Em outubro de 1971, a República Popular da China substituiu a República da China na Organização das Nações Unidas e tomou seu lugar como membro permanente do Conselho de Segurança. No mesmo ano, pela primeira vez, o número de países que reconheciam a República Popular da China superou os que reconheciam a República da China, com sede em Taipei, como o governo legítimo do país. Em fevereiro de 1972, no auge da ruptura sino-soviética, Mao e Zhou Enlai encontraram o então presidente americano Richard Nixon em Pequim. No entanto, os Estados Unidos só foram reconhecer oficialmente a República Popular como o único governo legítimo da China em 1 de janeiro de 1979.[61]

    Alguns analistas veem o período pós-1949 como uma continuação da história dinástica tradicional chinesa, enquanto outros afirmam que o governo do Partido Comunista danificou os fundamentos da cultura chinesa, especialmente através de movimentos políticos, como a Revolução Cultural dos anos 1960, onde muitos aspectos da cultura tradicional foram destruídos, tendo sido denunciados como "regressivos e prejudiciais" ou "vestígios do feudalismo". Muitas características importantes da moral e da cultura tradicional do país, como o confucionismo, a arte, a literatura e as artes cênicas, como a Ópera de Pequim, foram alterados conforme as políticas do governo e a propaganda da época.[57]

    Abertura econômica
     Ver artigos principais: Abertura econômica da China e Socialismo com características chinesas
     
    Deng Xiaoping, o responsável pela abertura econômica da China, em um encontro com Jimmy Carter na Casa Branca em 29 de janeiro de 1979
     
    Protesto na Praça da Paz Celestial em 1989, em Pequim

    Após a morte de Mao em 1976 e a prisão do Bando dos Quatro, que foram responsabilizados pelos excessos da Revolução Cultural, Deng Xiaoping rapidamente arrebatou o poder do sucessor de Mao, Hua Guofeng. Embora ele nunca tenha se tornado o chefe do partido ou do Estado, Deng foi o "líder supremo" de fato da China na época e sua influência dentro do Partido levou o país a importantes reformas econômicas. Posteriormente, o Partido Comunista afrouxou o controle governamental sobre a vida dos cidadãos e as comunas populares foram dissolvidas, sendo que muitos camponeses receberam múltiplos arrendamentos de terra, com o aumento de incentivos e da produção agrícola. Estes eventos marcaram a transição da China de uma economia planejada para uma economia mista com um ambiente de mercado cada vez mais aberto, um sistema chamado por alguns de "socialismo de mercado" e que o Partido Comunista da China oficialmente descreve como "socialismo com características chinesas". A China adotou a sua atual constituição em 4 de dezembro de 1982.[62] Outras fontes, no entanto, interpretam as reformas impostas pelo governo chinês como um abandono do sistema econômico socialista.[63][64]

    A morte do oficial pró-reforma Hu Yaobang ajudou a desencadear o Protesto na Praça da Paz Celestial em 1989, durante o qual estudantes e outros civis fizeram campanha por vários meses, pedindo o combate contra a corrupção e uma maior reforma política, que incluísse os direitos democráticos e a liberdade de expressão. No entanto, eles foram finalmente dispersos em 4 de junho, quando as tropas e veículos do ELP entraram à força e abriram a praça, resultando em várias vítimas. Este evento foi amplamente divulgado e trouxe condenação mundial e sanções contra o governo chinês.[65][66] O incidente conhecido como "O Rebelde Desconhecido" tornou-se particularmente famoso na época.[67]

    O presidente Jiang Zemin e o primeiro-ministro Zhu Rongji, ambos ex-prefeitos da cidade de Xangai, lideraram a nação na década de 1990. Sob os dez anos de administração de Jiang e Zhu, o desempenho econômico do país retirou cerca de 150 milhões de camponeses da pobreza e manteve uma taxa média anual de crescimento do produto interno bruto (PIB) de 11,2%. O país aderiu formalmente à Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001.[68][69]

     
    Panorama de Shenzhen. Em 2017, 90% dos produtos eletrônicos vendidos ao redor do mundo eram feitos na cidade[70]

    No entanto, o rápido crescimento econômico que tornou a economia chinesa a segunda maior do mundo, também impactou severamente os recursos naturais e o meio ambiente do país.[71] Outra preocupação é que os benefícios do crescimento da economia não foram distribuídos uniformemente entre a população, resultando em uma ampla lacuna de desenvolvimento entre as áreas urbanas e rurais. Como resultado, com o presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao, o governo chinês iniciou políticas para abordar estas questões de distribuição equitativa de recursos, embora o resultado continue a ser observado.[72] Mais de 40 milhões de agricultores foram deslocados de suas terras,[73] em geral para o desenvolvimento econômico, contribuindo para as 87 mil manifestações e motins que aconteceram por toda a China apenas em 2005.[74] Os padrões de vida melhoraram significativamente, mas os controles políticos se mantiveram estáveis.[75]

    Embora a China tenha, em grande parte, conseguido manter a sua rápida taxa de crescimento econômico, apesar da recessão no final da década de 2000, sua taxa de crescimento começou a diminuir no início da década de 2010 e a economia continua excessivamente centrada no investimento fixo.[76][77][78] Além disso, os preparativos para uma grande mudança de liderança no Partido Comunista no final de 2012 foram marcados por disputas entre facções e escândalos políticos.[79] Durante a mudança da liderança da China em novembro de 2012, Hu Jintao e Wen Jiabao foram substituídos como presidente e primeiro-ministro por Xi Jinping e Li Keqiang, que assumem tais cargos em 2013.[80][81] Em novembro de 2022, aproximadamente 530 milhões de pessoas, ou 40% da população, enfrentavam alguma medida restritiva imposta pelo governo devido à Pandemia de COVID-19.[82] Protestos foram relatados em todo o país, em uma rara demonstração de dissidência contra o Partido Comunista. [83]

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