Contexto de Cantábria

A Cantábria é uma comunidade autónoma localizada no norte de Espanha. É limitada a leste pelo País Basco, a sul por Castela e Leão, a oeste pelas Astúrias e a norte pelo golfo da Biscaia (do mar Cantábrico). A capital é Santander e a cidade mais povoada. Tem 5 321 km² de área e em 2020 tinha 582 905 habitantes (densidade: 109,5 hab./km²). A comunidade autónoma é composta por uma só província, também chamada Cantábria, por 10 comarcas e por 102 municípios, sendo um deles — o Vale de Vilaverde — um enclave na Biscaia.

Definida no seu estatuto de autonomia como uma "comunidade histórica", a atual entidade político-administrativa tem os seus antecedentes no Ducado da Cantábria, nas Astúrias de Santillana [es], na Irmandade das Quatro Vilas [

A Cantábria é uma comunidade autónoma localizada no norte de Espanha. É limitada a leste pelo País Basco, a sul por Castela e Leão, a oeste pelas Astúrias e a norte pelo golfo da Biscaia (do mar Cantábrico). A capital é Santander e a cidade mais povoada. Tem 5 321 km² de área e em 2020 tinha 582 905 habitantes (densidade: 109,5 hab./km²). A comunidade autónoma é composta por uma só província, também chamada Cantábria, por 10 comarcas e por 102 municípios, sendo um deles — o Vale de Vilaverde — um enclave na Biscaia.

Definida no seu estatuto de autonomia como uma "comunidade histórica", a atual entidade político-administrativa tem os seus antecedentes no Ducado da Cantábria, nas Astúrias de Santillana [es], na Irmandade das Quatro Vilas [es] e na Província dos Nove Vales [es]. A primeira referência a este território é do início do século II a.C. A província moderna da Cantábria foi constituída em 28 de julho de 1778 em Puente San Miguel, a capital no município de Reocín, um evento comemorado anualmente pelo Dia das Instituições da Cantábria, não obstante a atual configuração territorial da comunidade autónoma corresponder à extinta Província de Santander, estabelecida em 1833.

A Lei Orgânica do Estatuto de Autonomia da Cantábria foi aprovada em 30 de dezembro de 1981, dotando deste modo a comunidade autónoma de organismos de autogoverno, nomeadamente uma assembleia legislativa, o Parlamento da Cantábria, e um órgão executivo, o Governo da Cantábria. Em 2021, o Presidente da Cantábria (líder do governo autonómico) era Miguel Ángel Revilla, secretário-geral do Partido Regionalista da Cantábria, que foi reeleito em 2019 com o apoio do Partido Socialista da Cantábria.

A Cantábria situa-se na cornija Cantábrica, o nome dado à faixa de terra entre o mar Cantábrico e a cordilheira Cantábrica, no norte da Península Ibérica. Tem um clima oceânico húmido, com temperaturas moderadas, muito influenciado pelos ventos do oceano Atlântico que encontram as montanhas. A precipitação média anual é de 1200 mm, o que permite o crescimento de vegetação frondosa. O seu ponto mais elevado é o pico da Torre Branca, com 2 619 m. A região é rica em lugares de interesse arqueológico do Paleolítico Superior, embora os primeiros vestígios de ocupação humana datem do Paleolítico Inferior. Destacam-se neste aspeto as pinturas rupestres da caverna de Altamira, de há 37 000 anos e classificadas como Património Mundial pela UNESCO em 1985. O área abrangida pelo sítio do Património Mundial "Caverna de Altamira e arte rupestre paleolítica do norte da Espanha" foi ampliado em 2008, passando a incluir um total de 10 cavernas da Cantábria com vestígios arqueológicos do Paleolítico, nomeadamente as quatro situadas no monte Castillo, no município de Puente Viesgo. Com a extensão de 2015 do sítio "Caminhos de Santiago de Compostela: Caminho francês e Caminhos do Norte de Espanha", a Cantábria passou a ter também classificados como Património Mundial as partes dessa rota de peregrinação milenar que passam pelo seu território.

Mais sobre Cantábria

Population, Area & Driving side
  • População 584507
  • Área 5321
Histórico
  • Pré-história e Antiguidade
     
    Pintura de bisonte magdaleniano na caverna de Altamira

    A presença humana mais antiga conhecida na cornija Cantábrica data de há 200 000 anos (Paleolítico). Os Homo erectus, que surgiram na região durante um período interglaciar, organizavam-se em clãs seminómadas de caçadores-recoletores que fabricavam bifaces. Durante a glaciação de Würm o homem de Neandertal ocupou cavernas e desenvolveu uma importante indústria lítica (pontas, rascadores [es], raspadores, denticulados [es], etc.), que será levada ao seu auge pelo Homo sapiens durante o Paleolítico Superior (com azagaias e bastões perfurados [es], por exemplo).

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    Pré-história e Antiguidade
     
    Pintura de bisonte magdaleniano na caverna de Altamira

    A presença humana mais antiga conhecida na cornija Cantábrica data de há 200 000 anos (Paleolítico). Os Homo erectus, que surgiram na região durante um período interglaciar, organizavam-se em clãs seminómadas de caçadores-recoletores que fabricavam bifaces. Durante a glaciação de Würm o homem de Neandertal ocupou cavernas e desenvolveu uma importante indústria lítica (pontas, rascadores [es], raspadores, denticulados [es], etc.), que será levada ao seu auge pelo Homo sapiens durante o Paleolítico Superior (com azagaias e bastões perfurados [es], por exemplo).

    A arte desenvolvida por esses homens das cavernas, rupestre e móvel, é encontrada em numerosas cavernas cantábricas, como Altamira, El Castillo, La Pasiega, Las Monedas, Covalanas [es], Hornos de la Peña [es] e El Pendo, entre muitas outras. Os humanos que nelas viviam produziam gravuras, pinturas e alguns arremedos de escultura, representando as suas presas de caça (como veados, cavalos, bisontes e renas), motivos geométricos e simbólicos, mas raramente figuras humanas e nunca os seus inimigos predadores.

    A revolução neolítica, que marcou o aparecimento de sociedades agrícolas, iniciada no Oriente, chegou às costas do mar Cantábrico com um acentuado desfasamento cronológico em relação ao Mediterrâneo. Durante muito tempo essa área da Península Ibérica foi uma região marginal, onde coexistiram sociedades caçadoras-recoletoras e sociedades produtoras (agrícolas e pecuárias). Em termos culturais, destaca-se nessa época o megalitismo, ligado à pecuária transumante.

    Os romanos encontraram na Cantábria uma sociedade dividida em clãs, sem unidade política, que vivia em castros (povoados fortificados) e praticava pilhagens na Meseta Central para equilibrar as sua frágil economia. Para pôr termo às pilhagens, explorar os recursos minerais, alargar e consolidar as fronteiras do Império Romano e obter honras de vitórias militares, em c. 29 a.C. Augusto iniciou as Guerras Cantábricas com o objetivo de tomar o controlo dos territórios dos cântabros e ástures, que duraram dez anos. A romanização da Cantábria foi tardia, centrando-se na exploração mineira e pecuária, que definiu a disposição das vias de comunicação, adequando-as ao transporte das mercadorias. As únicas urbes que se destacaram foram Julióbriga (geralmente identificada com as ruínas existentes em Retortillo, no município de Campoo de Enmedio) e Flavióbriga (provavelmente a atual Castro-Urdiales).

    Idade Média
     
    Trincheira de acesso ao castro de Amaya, que no século VI d.C. se tornou a capital do Ducado da Cantábria do Reino Visigótico
     
    Mosteiro de São Turíbio de Liébana, cuja fundação é tradicionalmente atribuída a Turíbio de Astorga (m. 460 ou 476)

    Aos romanos sucederam os visigodos. Em 574, o rei Leovigildo consolidou o seu domínio na cordilheira Cantábrica conquistando a praça de Amaya, que poucos anos depois seria a capital do Ducado da Cantábria, uma província do Reino Visigótico. No início do século VIII, a invasão muçulmana chegou a Amaya, provocando a fuga de muitos hispanogodos para norte.[1] Em 722, a vitória de Pelágio frente aos mouros na Batalha de Covadonga permitiu a criação do Reino das Astúrias, a entidade política na qual se configurou a sociedade cantábrica medieval, a qual passou por assentamento de aldeias nos vales, implantação duma economia agrária baseada nos cereais, vinha e frutas. O cristianismo triunfou e foi introduzido o feudalismo, desenvolvendo-se senhorios religiosos vinculados aos primeiros mosteiros, onde floresceu a chamada arte de repovoação, nomeadamente São Turíbio de Liébana, Santa Maria de Piasca [es], Santa Juliana (atual Colegiada de Santillana del Mar [es]), Santo Emetério e São Celedónio [es] (no local da atual Catedral de Santander), São Pedro de Cervatos [es] e São Martinho de Elines [es].

    O avanço da Reconquista para sul provocou novamente a marginalização da região, que só voltaria a ter um papel histórico relevante a partir do século XII, com a concessão de forais às vilas marítimas (San Vicente de la Barquera, Santander, Laredo e Castro-Urdiales) pela coroa castelhana, com o objetivo de impulsionar o comércio de lã com as cidades do norte da Europa e assegurar as fronteiras do reino. As vilas registaram um crescimento demográfico e desenvolvimento urbano notável, prosperando graças à pesca e ao comércio. O gótico foi introduzido na região (onde se destacam as quatro grandes catedrais). A sua prosperidade leva essas vilas a confederar-se, formando a Irmandade das Quatro Vilas [es] e depois, em 1296, a Irmandade das Vilas da Marina de Castela com Vitória [es], também conhecida como Hermandad de las Marismas, da qual faziam parte, além das quatro vilas costeiras cantábricas, Vitória, Getaria, San Sebastián, Bermeo e Hondarribia. O objetivo dessas federações era fortalecer a posição comercial em relação à competição do outro lado do golfo da Biscaia, sobretudo o comércio de lã e farinha com a Flandres e a Inglaterra. No século XIII, essas irmandades apoiaram a coroa na conquista de cidades andaluzas.

    A crise do século XIV refletiu-se nas guerras de bandos [es], provocadas pelas diversas famílias que compunham a estrutura senhorial da Cantábria, que procuravam ampliar o seu património, nomeadamente os La Vega [es], os Manrique [es] e os Velasco [es]. Estes conflitos feudais assolaram a Cantábria durante praticamente um século, só terminando com a imposição da autoridade real durante o reinado dos Reis Católicos (r. 1474–1504).[2]

    Durante a Idade Média, a estrutura administrativa cantábrica baseou-se em concelhos, juntas (também chamadas valles) e merindades, conforme está descrito no “Livro das Merindades de Castela” (conhecido como “Becerro de las Behetrías [es]”),[a] de 1352.[5] Posteriormente foram criados os corregimentos como organismos de controlo estatal: um para as comarcas das Astúrias de Santillana [es], Campoo e Liébana; e outro para as Quatro Vilas e Trasmiera.

    Idade Moderna
     
    Principais rotas comerciais e pesqueira da Irmandade das Quatro Vilas [es] nos séculos XV e XVI

    O fim da Idade Média, no século XV, não alterou a situação de desintegração político-administrativa da Cantábria, que continuou dividida em vilas e vales, reguengos e senhorios, litorial e interior. No século XVI as vilas de pescadores entraram em crise, devido às distorções económicas causadas pelas guerras de hegemonia dos Áustria e pelas sucessivas crises de fome e peste entre o final do século e a primeira metade do século XVII. Por outro lado, a introdução de novos produtos agrícolas provenientes da América, especialmente o milho, melhorou a precária dieta alimentar das populações, possibilitando uma recuperação demográfica que continuou ao longo do século XVIII. A abertura do Caminho das Farinhas [es] em 1753 converteu Santander no principal porto da Coroa de Castela de ligações com a América, conforme estabelecido nos Reais Decretos de 1765 e 1778, o que fez com que a cidade registasse um grande desenvolvimento das suas atividades comerciais. Em 1754 a capital cantábrica foi elevada a sede episcopal, em 1755 recebeu o título de cidade e em 1785 foi criado o Consulado do Mar local.

    À medida que se aproximava o fim da Idade Moderna, os projetos de unidade das comarcas cantábricas foram ganhando força, seguindo duas correntes distintas. Uma, mais tradicional, protagonizada pela Irmandade das Quatro Vilas [es], que estava interessada especialmente na defesa das suas isenções fiscais, e pela Província dos Nove Vales [es], daria origem à criação da Província da Cantábria de 1778 [es]. Outra corrente, ligada à burguesia santaderina, seria a triunfante, resultando na criação da Província de Santander em 1801, que depois foi definitivamente restaurada em 1833, no âmbito do esquema territorial implantado por Javier de Burgos [es].

    Séculos XIX e XX

    Durante o século XIX foram iniciados vários processos que iriam configurar a Cantábria contemporânea. Em termos administrativos ocorreu a unificação territorial, com a formação da Província de Santander, o que, não obstante, não acabou com os problemas de desintegração e de comunicação que afetavam grande parte do território. Economicamente, assiste-se ao triunfo da economia mercantil santanderina até à segunda metade do século, quando o declínio do comércio antilhano levou a que houvesse uma reorientação da produção, com a produção de gado bovino e a exploração mineira a antecederam o notável crescimento industrial do século XX.

     
    O Gran Casino [es] (1916), no El Sardinero. Este bairro e a península da Madalena, onde se situa um antigo palácio real (1912), são dois dos símbolos da prosperidade da burguesia de Santander no início do século XX.

    Em termos sociais, é o século da hegemonia da burguesia, que fez surgir uma nova classe média e uma incipiente classe operária, com a progressiva introdução de atividades industriais. É também nesse século que se iniciou o despovoamento dos vales interiores, com uma acentuada emigração da população para a costa e para os núcleos urbano-industriais, como a baía de Santander, a bacia do Besaya, a foz do Asón [es], Castro-Urdiales, e para fora da região, nomeadamente para a América e para a Andaluzia.[b] Politicamente, triunfou o liberalismo dinástico, com a consolidação da Província, que conseguiu estabelecer de forma estável o turismo durante a Restauração Bourbon (1874–1931), graças às redes clientelares tecidas por um caciquismo que encontra um ambiente favorável no espaço cantábrico rural e compartimentado. Nos centros urbanos desenvolveu-se um vigoroso republicanismo e no final do século surgiram as primeiras organizações operárias.

    As mudanças iniciadas no século XIX aprofundaram-se e foram aceleradas no século XX. Demograficamente acentua-se o despovoamento quase total das montanhas e vales do interior, distantes dos principais centros urbanos e das vias de comunicação, com a população a concentrar-se ainda mais na costa e áreas urbanas. Economicamente consolida-se o desenvolvimento industrial baseado na produção de laticínios, pesca, química e metalurgia, atingindo a sua máxima expressão em meados do século; a partir de então iniciou um lento declínio que acabaria por desembocar na crise grave e consequente reconversão das década de 1970 e 1980, um período crítico, que teve influência na complexa estabilização da autonomia.

    Socialmente assistiu-se a uma significativa proletarização, criando-se um forte contraste entre áreas industriais e zonas agrárias, que nos anos 1930 foi uma das principais causas para confrontos durante a Guerra Civil Espanhola. A desindustrialização do último terço do século alterou o perfil socioprofissional da região, diminuindo ainda mais a população agrária, reduzindo a população operária e impulsionando o setor terciário. Além disso, desde os anos 1960, desenvolve-se o turismo com excessiva sazonalidade.

     
    Penal de El Dueso, nas imediações de Santoña, que foi um campo de concentração franquista durante a Guerra Civil Espanhola[c]

    Politicamente, os impulsos democratizadores surgem no primeiro terço do século, consolidando-se durante a Segunda República, um período de intensa atividade política. A imposição da ditadura franquista eliminou as organizações democráticas, com o regime a ser sustentado por redes caciquistas renovadas. A recuperação da democracia a partir de 1975 — que na Cantábria é inseparável da conquista da autonomia — consolidou-se, embora persistam traços do antigo caciquismo, agora envolto num certo discurso regionalista algo vago, que é sustentado por ligações entre a classe política e a promoção imobiliária, que fomenta redes clientelares. A política regional é predominantemente conservadora, para o que contribuiu o longo e traumático processo de desindustrialização.

    Na sequência da aprovação da constituição espanhola de 1978, foi aberta a porta para a autonomia das regiões espanholas. A incipiente comunidade de Castela e Leão começou por pretender integrar a antiga Província de Santander no seu projeto estatutário, mas as pressões dos municípios e autoridades cantábricas impulsionaram um projeto de estatuto para a região, que foi aprovado pela assembleia regional e por 87 dos 102 municípios da Cantábria. À semelhança de Madrid e da Rioja, foi concedido à Cantábria a chamada pré-autonomia por um decreto-lei.[6] Em 1979 foi iniciada a redação do Estatuto de Autonomia, que seria aprovado pelas Cortes Gerais em 1981. Finalmente, em 1 de fevereiro de 1982, entrou em vigor o Estatuto de Autonomia, que converteu oficialmente a antiga Província de Santander na comunidade autónoma da Cantábria. O estatuto foi reformado em 1998, suprimindo-se a possibilidade de incorporação da Cantábria em Castela e Leão (artigo 58) e a região passa a ser denominada "comunidade histórica".[7]

    Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome ech98 Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome cas89 «behetría». Diccionario de la lengua española. dle.rae.es (em espanhol). Real Academia Espanhola  Alvar Ezquerra 2001, p. 92. Coterillo del Río 1976–1977, pp. 145-170. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome apar Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome eaut2


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