Canárias
Contexto de Canárias
As Ilhas Canárias (em castelhano: Canarias) formam um arquipélago espanhol no Oceano Atlântico, a oeste da costa de Marrocos. Constituem uma Região Autónoma do Reino da Espanha. É também uma das oito regiões com uma consideração especial da Nacionalidade histórica reconhecidas como tal pelo Governo espanhol. A área é de 7 447 km², sendo assim a décima-terceira Comunidade espanhola em área, a população em 2003 era de 1 843 755 e, em 2005, já quase 2 000 000. A densidade demográfica é de 247,58 hab/km².
As ilhas Canárias são o território mais próximo do arquipélago português da Madeira, com esta compartilhando a região da Macaronésia, junto com os arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde. O arquipélago das Ilhas Canárias é o maior e mais populoso da região da Macaronésia. As suas capitais são Santa Cruz de Tenerife e Las Palmas de Gran Canaria. O arquipélago tem mais de dois milhões de habitantes. Tenerife é a ilha mais habitada (917 841), s...Ler mais
As Ilhas Canárias (em castelhano: Canarias) formam um arquipélago espanhol no Oceano Atlântico, a oeste da costa de Marrocos. Constituem uma Região Autónoma do Reino da Espanha. É também uma das oito regiões com uma consideração especial da Nacionalidade histórica reconhecidas como tal pelo Governo espanhol. A área é de 7 447 km², sendo assim a décima-terceira Comunidade espanhola em área, a população em 2003 era de 1 843 755 e, em 2005, já quase 2 000 000. A densidade demográfica é de 247,58 hab/km².
As ilhas Canárias são o território mais próximo do arquipélago português da Madeira, com esta compartilhando a região da Macaronésia, junto com os arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde. O arquipélago das Ilhas Canárias é o maior e mais populoso da região da Macaronésia. As suas capitais são Santa Cruz de Tenerife e Las Palmas de Gran Canaria. O arquipélago tem mais de dois milhões de habitantes. Tenerife é a ilha mais habitada (917 841), seguida de Gran Canaria (851 231). Novos fluxos de lava do vulcão Cumbre Vieja voltaram a causar destruição, nas Ilhas Canárias, a lava já chegou ao Oceano Atlântico.
Mais sobre Canárias
- Domínio da Internet .ic
- População 2172944
- Área 7447
Antes da chegada dos aborígines, as ilhas Canárias foram habitadas por animais endêmicos, como alguns extintos; lagartos gigantes (Gallotia goliath), ratos gigantes (Canariomys bravoi e Canariomys tamarani)[1] e tartarugas gigantes (Geochelone burchardi e Geochelone vulcanica),[2] entre outros.
As ilhas Canárias são conhecidas desde a Antiguidade: existem relatos fidedignos e vestígios arqueológicos da presença cartaginesa na ilha. Foram descritas no período greco-romano a partir da obra de Juba II, rei da Numídia, que as mandou reconhecer e que, afirma-se, por nelas ter encontrado grande números de cães, deu-lhes o nome de "Canárias" ("ilhas dos cães"). São referidas por autores posteriores como "Ilhas Afortunadas".
Depois de um período de isolamento, resultado da crise e queda do Império Romano do Ocidente e das invasões dos povos bárbaros, as ilhas foram redescobertas e novamente visitadas com regularidade por embarcações europeias a partir de meados do século XIII.
Século XIII e XIVA sua redescoberta é reivindicada por Portugal em período anterior a Agosto de 1336. A sua posse, entretanto, foi atribuída ao reino de Castela pelo Papa Clemente VI, o que suscitou um protesto diplomático de Afonso IV de Portugal, por carta de 12 de Fevereiro de 1345:[3]
...Ler maisAntes da chegada dos aborígines, as ilhas Canárias foram habitadas por animais endêmicos, como alguns extintos; lagartos gigantes (Gallotia goliath), ratos gigantes (Canariomys bravoi e Canariomys tamarani)[1] e tartarugas gigantes (Geochelone burchardi e Geochelone vulcanica),[2] entre outros.
As ilhas Canárias são conhecidas desde a Antiguidade: existem relatos fidedignos e vestígios arqueológicos da presença cartaginesa na ilha. Foram descritas no período greco-romano a partir da obra de Juba II, rei da Numídia, que as mandou reconhecer e que, afirma-se, por nelas ter encontrado grande números de cães, deu-lhes o nome de "Canárias" ("ilhas dos cães"). São referidas por autores posteriores como "Ilhas Afortunadas".
Depois de um período de isolamento, resultado da crise e queda do Império Romano do Ocidente e das invasões dos povos bárbaros, as ilhas foram redescobertas e novamente visitadas com regularidade por embarcações europeias a partir de meados do século XIII.
Século XIII e XIVA sua redescoberta é reivindicada por Portugal em período anterior a Agosto de 1336. A sua posse, entretanto, foi atribuída ao reino de Castela pelo Papa Clemente VI, o que suscitou um protesto diplomático de Afonso IV de Portugal, por carta de 12 de Fevereiro de 1345:[3]
"Ao Santíssimo Padre e Senhor Clemente pela Divina Providência Sumo Pontífice da Sacrossanta e Universal Igreja, Afonso rei de Portugal e do Algarve, humilde e devoto filho Vosso, com a devida reverência e devotamento beijo os beatos pés. (...) Respondendo pois à dita carta o que nos ocorreu, diremos reverentemente, por sua ordem, que os nossos naturais foram os primeiros que acharam as mencionadas Ilhas [Afortunadas]. E nós, atendendo a que as referidas ilhas estavam mais perto de nós do que qualquer outro Príncipe e a que por nós podiam mais comodamente subjugar-se, dirigimos para ali os olhos do nosso entendimento, e desejando pôr em execução o nosso intento mandámos lá as nossas gentes e algumas naus para explorar a qualidade daquela terra. Abordando às ditas Ilhas se apoderaram, por força, de homens, animais e outras coisas e as trouxeram com muito prazer aos nossos reinos. Porém, quando cuidávamos em mandar uma armada para conquistar as referidas Ilhas, com grande número de cavaleiros e peões, impediu o nosso propósito a guerra que se ateou primeiro entre nós e El-rei de Castela e depois entre nós e os reis Sarracenos. (...)"Entretanto o Papa Clemente VI em 1344 cria o Principado de Fortuna, um feudo dependente da Santa Sé, que concede a Luís de la Cerda, Infante de Castela, cujo nome refere-se às Ilhas Canárias, identificadas com as Ilhas Afortunadas da Antiguidade Clássica. A única condição imposta pelo Papa foi a de que este nobre evangelizasse as Canárias, mas, como não obteve qualquer apoio económico ou militar tudo não passou de um projeto.
Século XVEm 1402, iniciou-se a conquista destas ilhas com a expedição a Lançarote dos Normandos Jean de Bethencourt e Gadifer de la Salle, mas prestando vassalagem aos reis de Castela e com o apoio da Santa Sé. Devido à localização geográfica, à falta de interesse comercial e à resistência dos Guanches ao invasor, a conquista só foi concluída em 1496 quando os últimos Guanches em Tenerife se renderam.
A partir de 1402, Jean de Bettencourt lidera uma série de expedições, dominando várias ilhas, e reconhece desde logo a suserania de Henrique III de Castela. No entanto, a Guerra dos Cem Anos entre a França e a Inglaterra coloca-lhe dificuldades no abastecimento das ilhas e, por isso, em 1418 vende os seus direitos feudais ao Enrique de Guzmán, conde de Niebla.[3]
Em 1424, o infante D. Henrique não aceitando a soberania espanhola sobre as ilhas manda D. Fernando de Castro à Grã-Canária à frente de um contingente de quase três mil homens,[4] com o propósito de se apoderarem desta ilha, objecto de litígio entre Portugal e Castela,[5] não conseguindo derrotar os nativos guanches[3] devido a problemas logísticos.[6]
Depois, será a Coroa castelhana que organiza várias expedições comerciais em busca de escravos, peles e tinta. Porém, em 1435, o Papa Eugênio IV emitiu a Bula Sicut Dudum, a qual ordenava a libertação dos escravos nativos dessas ilhas já convertidos ou que aceitassem ser baptizados.[7]
Finalmente, no Tratado de Toledo (6 de março de 1480), Portugal abandona definitivamente qualquer pretensão sobre este arquipélago, depois de, no ano anterior, ter reconhecido a soberania castelhana das ilhas pelo Tratado de Alcáçovas (1479).[3]
Século XVI e seguintesA conquista das Canárias foi a antecedente da conquista do Novo Mundo, baseada na destruição quase completa da cultura indígena, rápida assimilação do cristianismo, miscigenação genética dos nativos e dos colonizadores.
Uma vez concluída a conquista das ilhas, estas passam a depender do reino de Castela, impondo-se um novo modelo económico baseado na monocultura (primeiro, a cana-de-açúcar e, posteriormente, o vinho, tendo grande importância o comércio com Inglaterra). Foi nesta época que se constituíram as primeiras instituições e órgãos de governo (cabildos e concelhos).
As Canárias converteram-se em ponto de escala nas rotas comerciais com a América e África (o porto de Santa Cruz de La Palma chegou a ser um dos pontos mais importantes do Império Espanhol), o que trouxe grande prosperidade a determinados sectores da sociedade, mas as crises da monocultura no século XVIII e a independência das colónias americanas no século XIX provocaram graves recessões.
No século XIX e na primeira metade do século XX, a razão das crises económicas foi a emigração, cujo destino principal era o continente americano.
No início do século XX, foi introduzida, nas ilhas Canárias, pelos ingleses, uma nova monocultura: a banana, cuja exportação será controlada por companhias comerciais como a Fyffes.
A rivalidade entre as elites das cidades de Santa Cruz e Las Palmas pela condição de capital das ilhas fez com que, em 1927, se tomasse a decisão da divisão do arquipélago em províncias. Actualmente, a capital está dividida entre essas duas cidades.
Povoamento das CanáriasAs Ilhas Canárias já eram povoadas pelos guanches, antes da chegada dos portugueses e espanhóis, no século XV. A conquista do arquipélago deu-se de forma violenta, pois os guanches resistiram e lutaram de forma impetuosa contra a ocupação espanhola. Uma vez dominados, os nativos foram escravizados em larga escala, para custear os gastos com as expedições militares. Em retaliação, os rebeldes, sobretudo os homens, foram massacrados e deportados das ilhas pelos espanhóis.[8]
Por muito tempo, a origem dos guanches permaneceu um mistério. Porém, desde o início da colonização, já existia evidência de que eles eram originários das populações berberes do Norte da África, uma vez que as línguas e as tradições guanches se assemelhavam às dos seus vizinhos norte-africanos, antes do processo de islamização. Recentes pesquisas genéticas comprovam a origem berbere norte-africana dos nativos canários.[8] A chegada desses berberes às Canárias ocorreu muito antes da islamização e da arabização do Norte da África, pois os guanches praticavam o animismo e o politeísmo, quando os espanhóis chegaram no século XV.[9]
Todavia, continua a dúvida sobre de que maneira os guanches chegaram às ilhas, pois só poderia ter sido por via marítima, já que o arquipélago nunca foi conectado à África por via terrestre. Porém, quando os espanhóis chegaram às ilhas, os guanches não dominavam a técnica naval. Portanto, existem duas hipóteses: eles chegaram sozinhos por via marítima e depois esqueceram suas habilidades de navegação ou eles foram levados para as ilhas por algum outro povo que dominava a técnica naval.[8]
Mesmo com a escravização e o massacre em massa da população nativa, principalmente masculina, pesquisas genéticas mostram que os atuais habitantes das Ilhas Canárias descendem, em parte, dos guanches. 41,8% das linhagens maternas dos canários atuais têm origem guanche; 55,4% ibérica e 2,8% africana subsaariana (resultado do tráfico de escravos negros durante a colonização). Por sua vez, no lado paterno, apenas 16,1% das linhagens são guanches e 83% são ibéricas e 0,9% africanas subsaarianas. Isso mostra que houve uma miscigenação preferencial entre homens europeus e mulheres nativas durante a formação da população canária.[8]
↑ Algunas extinciones en Canarias Consejería de Medio Ambiente y Ordenación Territorial del Gobierno de Canarias ↑ «La Paleontología de vertebrados en Canarias.» Spanish Journal of Palaeontology (antes Revista Española de Paleontología). Consultado el 17 de junio de 2016. ↑ a b c d Infopédia. «Questão das Canárias (séc. XIV-XV) - Infopédia». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 9 de janeiro de 2021 ↑ Perspectiva gloval das viagens dos portugueses às Canárias no âmbito dos descobrimentos e expansão portuguesa. Uma questão adiada até Alcaçovas-Toledo (1479-80), por Isabel L. Morgado de S. e Silva, Comunicação apresentada nas Segundas Jornadas Rubicenses. Seis siglos de vínculo Europeo y Atlântico, 31 Maio – 2 Junho 2001. Ayuntamento de Yaiza, Lanzarote ↑ O Papel da Diplomacia Portuguesa do Tratado de Tordesilhas, por Humberto Baquero Moreno, Revista da Faculdade de Letras do Porto, pág, 141 ↑ Fontes, Carlos. «Lusotopia - Cristovão Colombo, português ?». Filorbis. Consultado em 29 de março de 2023 ↑ «Sicut Dudum Pope Eugene IV - January 13, 1435 - Papal Encyclicals». Papal Encyclicals (em inglês) ↑ a b c d Fregel, Rosa; Gomes, Verónica; Gusmão, Leonor; González, Ana M; Cabrera, Vicente M; Amorim, António; Larruga, Jose M (3 de agosto de 2009). «Demographic history of Canary Islands male gene-pool: replacement of native lineages by European». BMC Evolutionary Biology. 9. 181 páginas. ISSN 1471-2148. PMID 19650893. doi:10.1186/1471-2148-9-181 ↑ Maximiliano Trapero. Estudios sobre el guanche. La Lengua de los primeros habitantes de las Islas Canarias. Fundación Mapfre Guanarteme.