Samarcanda

Samarcanda (em usbeque: Samarqand; em tajique: Самарқанд; em persa: سمرقند; em russo: Самарканд; em turco: Semerkand), também conhecida como Marcanda (Markanda), é a terceira maior cidade do Usbequistão, situada no sudeste do país. É a capital da província homónima e uma das cidades mais antigas continuamente habitadas da Ásia Central. O município tem 89,4 km² de área e em 2020 tinha 513 572 habitantes (densidade: 5 744,7 hab./km²). A área metropolitana tinha cerca de 950 000 habitantes. É uma das maiores atrações turísticas e um dos centros de comércio mais importantes do país.

Embora não haja evidências diretas de quando a cidade foi fundada, algumas teorias propõem que foi fundada no século VIII ou VII a.C. No tempo do Império Aqueménida da Pérsia, era capital da sat...Ler mais

Samarcanda (em usbeque: Samarqand; em tajique: Самарқанд; em persa: سمرقند; em russo: Самарканд; em turco: Semerkand), também conhecida como Marcanda (Markanda), é a terceira maior cidade do Usbequistão, situada no sudeste do país. É a capital da província homónima e uma das cidades mais antigas continuamente habitadas da Ásia Central. O município tem 89,4 km² de área e em 2020 tinha 513 572 habitantes (densidade: 5 744,7 hab./km²). A área metropolitana tinha cerca de 950 000 habitantes. É uma das maiores atrações turísticas e um dos centros de comércio mais importantes do país.

Embora não haja evidências diretas de quando a cidade foi fundada, algumas teorias propõem que foi fundada no século VIII ou VII a.C. No tempo do Império Aqueménida da Pérsia, era capital da satrapia soguediana. Foi conquistada por Alexandre, o Grande em 329 a.C. A cidade foi depois governada por uma sucessão de líderes iranianos e turcomanos até ter sido conquistada pelos mongóis durante o reinado de Gêngis Cã em 1220. Samarcanda prosperou graças à sua localização, num vale fértil irrigado e na Rota da Seda, no caminho entre a China e o Mediterrâneo e em algumas ocasiões foi a maior cidade da Ásia Central.

A cidade é também famosa por ter sido um importante centro de estudos islâmicos, onde nasceu o movimento cultural e científico conhecido como Renascimento Timúrida. No século XIV, Timur (Tamerlão) fez dela a capital do seu império (Timúrida), dotando-a de magníficos edifícios dignos de uma capital imperial, como o seu mausoléu, o Gur-i Amir. Outros locais notáveis da cidade antiga são, por exemplo a Mesquita de Bibi Hanim, reconstruída durante o período soviético, e a Praça Reguistão, o antigo centro da cidade, que é rodeada por três edifícios monumentais. A cidade preservou cuidadosamente as tradições dos antigos ofícios, como os bordados, nomeadamente em ouro, tecelagem de seda e trabalhos em cobre e madeira entalhada. Entre 1925 e 1930 foi a capital da República Socialista Soviética Usbeque. Em 2001 foi inscrita na lista do Património Mundial da UNESCO com o nome "Samarcanda - cruzamento de culturas".

A Samarcanda moderna está dividida em duas partes: a antiga e a nova. Esta última desenvolveu-se durante os anos do Império Russo (a partir de 1868) e da União Soviética e é onde se situam os os edifícios governamentais, centros culturais e estabelecimentos de ensino. Na parte antiga encontram-se os monumentos históricos, lojas e as casas antigas.

Da Pré-história até à conquista islâmica no século VIII

Embora não haja evidências diretas de quando a cidade foi fundada, algumas teorias propõem que foi fundada no século VIII ou VII a.C.,[1] pelo que, juntamente com Bucara, Samarcanda é uma das cidades mais antigas da Ásia Central.[2] Desde os seus primeiros tempos que Samarcanda foi um dos principais centros políticos, culturais e comerciais da civilização soguediana. Durante o Império Aqueménida persa, a cidade foi a capital da satrapia soguediana.[3] A sua localização, num vale fértil irrigado e na Rota da Seda, no caminho entre a China e o Mediterrâneo, ajudou a que prosperasse e em diversas alturas da história foi a maior cidade da Ásia Central.[1][4] Ao longo da sua história, foi ocupada ou governada por diversos povos e teve comunidades religiosas muito diversas, como o budistas, zoroastristas, hindus, maniqueístas, judeus, cristãos (principalmente orientais, mas também católicos) e muçulmanos.[5][6]

Em escavações arqueológicas realizadas nos limites da cidade (em Syob e no centro da cidade) e em áreas suburbanas (em Hojamazgil e Sazag'on), foram descobertos vestígios que atestam atividade humana no Paleolítico Superior, há 40 000 anos. Nos subúrbios de Sazag'on-1, Zamichatosh e Okhalik há um conjunto de sítios arqueológicos mesolíticos do 12.º ao 7.º milénio a.C. Os canais de Syob e de Darg'om, que abastecem de água a cidade e os seus subúrbios, foram aparentemente construídos cerca dos séculos VII a V a.C., na Idade do Ferro primitiva.[carece de fontes?]

A cidade foi provavelmente fundada por soguedianos, um povo cita, que se sedentarizou na região durante o primeiro milénio a.C., e deu o nome a Soguediana. A cultura e a língua soguediana foram gradualmente desaparecendo com a chegada de persas muçulmanos e turco-mongóis durante a Idade Média. No entanto, os habitantes de algumas poucas aldeias em volta da cidade ainda continuam a falar um dialeto de origem soguediano.[carece de fontes?] O sítio arqueológico de Afrassíabe, situado na parte nordeste da cidade, foi escavado pela missão arqueológica franco-usbeque de Soguediana (MAFOUZ).[7] Nela foram descobertos vestígios de ocupação esporádica ao longo da Idade do Bronze e da Idade do Ferro, muralhas e um sistema de abastecimento de água urbano, que atestam uma fundação urbana entre 650 e 550 a.C.[8] Também foram desenterrados as ruínas duma antiga cidadela e fortificações, o palácio do soberano, que tem pinturas murais, e bairros residenciais e de artesãos.[9]

 Detalhe do mural Pintura dos Embaixadores, representando embaixadores estrangeiros, encontrado nas ruínas duma casa aristocrática de Afrassíabe do tempo do reinado do rei soguediano de Samarcanda Varcumã (c. 650 d.C.)

Alexandre, o Grande conquistou Maracanda em 329 a.C.[10][11] As fontes históricas fornecem apenas algumas pistas sobre o subsequente sistema de governo,[12] mencionando que um tal Orépio se tornou governante "não pelos seus ancestrais, mas como um presente de Alexandre".[13] Embora a cidade tivesse sofrido danos significativos durante a conquista inicial de Alexandre, ela recuperou rapidamente e floresceu sob a nova influência helenística. Nesta altura surgiram novas técnicas de construção importantes — os tijolos oblongos foram substituídos por quadrados e foram introduzidos métodos mais avançados de alvenaria e reboco.[14] As conquistas de Alexandre introduziram a cultura grega clássica na Ásia Central e durante algum tempo, a estética grega influenciou fortemente os artesãos locais. Este legado helenístico perdurou quando a cidade integrou vários estados sucessores nos séculos seguintes, como o Império Selêucida, o Reino Greco-Báctrio e o Império Cuchana (apesar dos cuchanas terem as suas origens na Ásia Central). Após o estado cuchana ter perdido o controlo de Soguediana durante o século III d.C., Samarcanda entrou em declínio como centro económico, cultural e político, do qual só recuperou significativamente dois séculos depois.[carece de fontes?]

Em 260 Samarcanda foi tomada pelos persas sassânidas. Durante o período sassânida a região tornou-se um centro importante do culto maniqueísta e contribuiu fortemente para a disseminação dessa religião na Ásia Central. No século V os heftalitas (hunos brancos) conquistaram a cidade e controlaram-na até terem sido derrotados pelos goturcos em aliança com os sassânidas na batalha de Bucara, c. 560. O domínio dos goturcos foi breve, terminando na sequência de terem sido derrotados na primeira guerra perso-turca em 589. Depois da conquista muçulmana da Pérsia em meados do século VII, a cidade foi conquistada pelo Canato Turco Ocidental, que poucos anos depois sucumbiu com as campanhas vitoriosas da Dinastia Tang. A cidade passou então a ser um protetorado chinês, que pagava tributo aos Tang.[15]

Nessa época, Soguediana, de que Samarcanda era a principal cidade, era um dos centros mais importantes do comércio mundial, situada numa localização ideal, no cruzamento das rotas entre a China, Índia, Pérsia e o Império Bizantino. Os mercadores soguedianos conheceram então o seu apogeu e controlavam um vasto império comercial que dominava as trocas comerciais em toda a Ásia Central, penetrando até nos grandes impérios, em particular na China dos Tang. Os mercadores soguedianos dominaram durante muito tempo o comércio chinês graças a disposições legais que os favoreciam e alguns soguedianos chegaram mesmo a ser nomeados para casrgos importantes na administração chinesa. A maioria dos caravançarais da Rota da Seda eram de estabelecimentos soguedianos.[16] O célebre peregrino e viajante chinês Xuanzang passou por volta de 631 por Tasquente e Samarcanda, no decurso do seu périplo em busca de manuscritos sagrados budistas e deixou o seguinte testemunho sobre a cidade:[carece de fontes?]

“ A sua capital [da Soguediana] tem mais de 20 lis de perímetro (cerca de 10 km), excessivamente forte e com uma importante população. A terra tem um grande entreposto comercial, é muito fértil, abundam as flores e árvores e dá muitos e belos cavalos. Os seus habitantes são artesãos hábeis e enérgicos. Todas as terras Hou (iranianas) consideram este reino como o seu centro e fazem dele um modelo das suas instituições. O rei é um homem de espírito e coragem a quem os estados vizinhos obedecem. Tem um exército formidável no qual a maior parte dos soldados são `chakir´. São homens de grande valor, que veem na morte um regresso aos seus antepassados, e contra os quais nenhum inimigo combate sem temor. ”  
— Xuanzang .
Da conquista islâmica do século VIII até ao XIX
Relato de ibne Caldune do avanço dos Omíadas em direção à China [17]

No ano 96 A.H. (715), Cutaiba tomou a decisão de conquistar Casgar, a cidade chinesa mais próxima. Começou então a sua expedição, levou consigo as famílias dos soldados que deixou em Samarcanda, cruzou o rio Sir Dária e organizou um contingente para proteger a passagem e impedir que as tropas voltassem sem a sua permissão. Em seguida, enviou sua vanguarda para Casgar, onde fizeram saques e prisioneiros. Pôs-lhes a coleira de tributários e avançou com a expedição para o interior da China.

O rei da China escreveu a Cutaiba pedindo-lhe que lhe enviasse um nobre árabe para informá-lo sobre os árabes e a sua religião. Cutaiba escolheu dez árabes, entre os quais Hohayra ibn Mochamraj al-Kilabi, e deu a ordens para que lhes fosse fornecido bom equipamento, roupas de seda e tecidos de ramagem, e quatro cavalos. Disse-lhes: “Façam-lhe saber que não partirei antes de pisar em solo chinês, acorrentar os seus príncipes e receber os seus saques”.[a]

Cerca de 710, os exércitos do Califado Omíada comandados por Cutaiba ibne Muslim tomaram a cidade aos turcos durante a conquista da Transoxiana.[15] Em Samarcanda conviviam então diversas religiões, desde ao zoroastrismo, seguido pela maior parte da população, ao cristianismo nestoriano, passando pelo judaísmo, hinduísmo, budismo e maniqueísmo.[5] Em geral Cutaiba não fixou árabes na Ásia Central; obrigava os governantes locais a pagarem-lhe tributo mas em larga medida dava-lhes grande autonomia. Samarcanda foi uma exceção a essa sua política: Cutaiba colocou uma guarnição e uma administração árabe na cidade, o templos do fogo zoroastristas foram demolidos, foi construída uma mesquita[18] e grande parte da população foi convertida ao islão.[19] Em resultado disso, a longo prazo a cidade desenvolveu-se como um centro de ensino árabe e islâmico.[18]

Segundo a lenda, durante o Califado Abássida, foi obtido o segredo do fabrico de papel[20][21] de dois prisioneiros chineses da batalha de Talas de 751,[b] o que levou à criação da primeira fábrica de papel do mundo islâmico em Samarcanda. O segredo espalhou-se depois para o resto do mundo islâmico e posteriormente para a Europa. [20] [c]

O controlo abássida direto de Samarcanda dissipou-se rapidamente e foi substituído pelo dos samânidas (819–999), que nominalmente ainda eram vassalos do califa enquanto tiveram a cidade. A cidade tornou-se a capital do Império Samânida e ganhou ainda mais importância como cruzamento de numerosas rotas comerciais. Cerca do ano 1000 os samânidas foram derrubados pelos caracânidas. Nos dois séculos seguintes, Samarcanda foi governada por uma sucessão de tribos turcomanas, incluindo os seljúcidas e os corásmios.[25]

O autor persa do século X Alistacri, que viajou na Transoxiana, dá-nos uma vívida descrição das riquezas naturais da região, a que ele chamou "Soguediana Samarcandiana" (Sogd Samarcandiana): «Não conheço qualquer lugar nela ou na própria Samarcanda onde uma pessoa não veja verdura e um local aprazível se subir a um sítio alto, e em nenhum lugar perto dela há montanhas que tenham falta de árvores ou uma estepe poeirenta [...] Soguediana Samarcandiana [...] estende-se oito dias de viagem através de verdura e hortas contínuas [...] O verde das árvores e e dos terrenos semeados estende-se pelas duas margens do rio [Soguede] [...] e para além destes campos há pastagens para rebanhos. Em cada uma das cidades e aldeias há uma fortaleza [...] É o mais fecundo de todos os países de Alá; nele estão as melhores árvores e frutos, em todas as casas há hortas, cisternas e água a correr.»[carece de fontes?]

O matemático, astrónomo e poeta persa Omar Caiam residiu na cidade de 1072 a 1074, antes de se instalar em Ispaã, no Irão, por convite do sultão seljúcida Maleque Xá I. Foi em Samarcanda que escreveu um tratado de álgebra.[26]

 Painel de alabastro do período islâmico (século X)

Os mongóis conquistaram Samarcanda em 1220.[10][27] Apesar de de Gêngis Cã "não ter perturbado de forma alguma os habitantes [da cidade]", o historiador persa Juveini relatou que os mongóis mataram todos os que se refugiaram na cidadela e na mesquita, saquearam a cidade completamente e recrutaram à força 30 000 jovens e igual número de artesãos. A cidade sofreu pelo menos mais um saque dos mongóis, por Baraque (r. 1266–1271), para obter o financiamento que precisava para pagar um exército. A cidade integrou o Canato de Chagatai, um dos quatro estados sucessores do Império Mongol) até 1370.[carece de fontes?]

Marco Polo não passou em Samarcanda, pois o seu itinerário para a China seguia mais a sul, pelo Afeganistão, mas o seu pai e tio foram até Bucara pela Rota da Seda tradicional, cujo prolongamento natural atravessava Samarcanda antes chegar às montanhas do Pamir. Marco Polo escreveria o que lhe contaram no seu livro “Livro das Maravilhas do Mundo”: «Samarcanda é uma muito nobre e enorme cidade, onde se encontram belos jardins e todos os frutos que o homem possa desejar. As suas gentes são cristãs e sarracenas. Os jardins são do sobrinho do Grande Cã, tio e sobrinho não são amigos e frequentemente têm querelas.». O veneziano conta também a história duma igreja cristã que milagrosamente permaneceu de pé, apesar da destruição de parte a sua coluna de suporte central.

Segundo o explorador e mestre taoista Qiu Chuji (1148 1227), à semelhança da região do Ienissei e da Mongólia Exterior, Samarcanda tinha uma comunidade de artesãos de origem chinesa.[28] Após Gêngis Cã ter conquistado a Ásia Central, os cargos de administradores governamentais foram entregues a estrangeiros. Chineses e quitais (khitans) foram nomeados de coadministradores de terrenos em Samarcanda, o que não era permitido que os muçulmanos fizessem.[29][30] O canato autorizou a instalação de dioceses cristãs.

O viajante norte-africano ibne Batuta, que visitou a cidade em 1333, considerou-a «uma das maiores e melhores cidades, e a mais perfeita delas em beleza» e relatou que os pomares eram abastecidos de água através de noras.[31]

“ Rumei para a cidade de Samarcanda, uma das maiores, mais belas e magníficas cidades do mundo. Está construída nas margens de um rio chamado rio Fulons, e coberto com máquinas hidráulicas que regam os jardins. É perto desse rio que os habitantes da cidade se reúnem, após a oração das quatro horas da tarde, para se divertirem e passearem. Têm plataformas e assentos para se sentarem e lojas que vendem frutas e outros alimentos. Havia também palácios consideráveis ​​à beira do rio, e monumentos que anunciaram a elevação do espírito dos habitantes de Samarcanda. A maior parte deles está em ruínas e grande parte da cidade também foi devastada. Não tem muralhas nem portas. Os jardins estão no interior da cidade. Os habitantes de Samarcanda têm qualidades generosas e são amigáveis com os estrangeiros; são melhores do que os de Bucara. ”  
— — ibne Batuta. Viagens, Tomo II .
 Túmulo do Profeta Daniel. Os supostos restos mortais de Daniel foram levados de Susã para Samarcanda por Tamerlão. O sarcófago tem 18 metros de comprimento porque segundo a lenda uma das pernas do profeta continua a crescer e quando já não couber no sarcófago ocorrerá o fim do mundo. Parte do sextante do Observatório de Ulugue Begue

Em 1365, ocorreu uma revolta na cidade contra o domínio do canato mongol de Chagatai.[32] Cinco anos depois, Timur (Tamerlão), o fundador do Império Timúrida, fez de Samarcanda a sua capital. Nos 35 anos seguintes ele reconstruiu a maior parte da cidade e levou para lá grandes artesãos de todo o seu império. Tamerlão ganhou reputação de patrono das artes e a sua capital cresceu até se tornar o principal centro da região da Transoxiana. A dedicação do soberano às artes é evidente na forma como demonstrava piedade em relação aos que tinham talentos artísticos, em contraste com a crueldade com que tratava os seus inimigos. As vidas de artistas, artesãos e arquitetos eram poupadas para que pudessem melhorar e embelezar a capital timúrida.[33] Foi Timur que levou de Susã para Samarcanda os supostos restos mortais do Profeta Daniel (Khoja Doniyor em usbeque), cujo mausoléu é ainda hoje um local de peregrinação de todas as religiões abraâmicas.

Timur também se envolveu diretamente em projetos de construção e os seus desejos frequentemente excediam os conhecimentos técnicos dos seus arquitetos. A cidade estava constantemente em obras e era frequente o soberano ordenar a reconstrução rápida de edifícios quando não ficavam ao seu gosto.[33] Deu ordens para que Samarcanda só fosse acessível por estradas, para o que foram escavados fossos profundos e muralhas com 8 km de perímetro, que separavam a cidade das suas vizinhanças.[34] Nesse tempo Samarcanda tinha cerca de 150 000 habitantes.[35] Ruy González de Clavijo, embaixador do rei Henrique III de Castela, que esteve na cidade entre 1403 e 1406, testemunhou a construção infindável que acontecia na cidade: «A mesquita que Timur mandou construir em memória da mãe da sua esposa [...] pareceu-nos a mais nobre de todas as que visitámos na cidade de Samarcanda, mas assim que foi concluída ele começou a encontrar defeitos no portão de entrada, que ele agora dizia ser muito baixo e deveria ser imediatamente derrubado.»[36]

Entre 1424 e 1429, o eminente astrónomo Ulugue Begue, neto de Tamerlão, construiu o observatório agora conhecido com o seu nome na cidade. O seu sextante tinha 11 metros e chegou a ser colocado no cimo numa estrutura com três andares, mas foi mantido no chão para o proteger de sismos. Calibrado ao longo do seu comprimento, foi o maior quadrante de 90 graus do seu tempo.[37] Ali foram desenvolvidos trabalhos de grande qualidade, com a colaboração de 70 sábios, entre os quais Qadi-zadeh Rumi, al-Kashi e Ali Qushji. Contudo, o observatório foi destruído por fanáticos religiosos em 1449,[37][38] embora o seu edifício ainda exista atualmente. Ulugue Begue seria sultão do Império Timúrida nos últimos anos da sua vida, entre 1447 e 1449. Após a sua morte, a vida intelectual e artística dos Timúridas, cujo império se fragmentou, concentrou-se em Herat (atualmente no Afeganistão), principalmente durante o reinado de Husayn Bayqara (r. 1469–1506).[carece de fontes?]

Em 1500, o controlo da cidade foi tomado por guerreiros nómadas usbeques.[35] Muito pouco tempo depois, ainda em 1500 ou em 1501, Samarcanda foi conquistada por Maomé Xaibani, o fundador da dinastia xaibânida,[39] que perdeu a cidade pouco depois, pois há registo de tê-la conquistado em 1505.[carece de fontes?] No segundo quartel do século XVI, os xaibânidas instalaram a capital do seu canato em Bucara e Samarcanda entrou em declínio. Seria praticamente abandonada no início da década de 1720, após um ataque do xá persa Nader Xá, fundador do Império Afexárida.[32] Entre 1599 e 1576 foi governada pelo ramo astracânida do Canato de Bucara. Entre 1576 e 1868 integrou o Emirado de Bucara.[11]

Domínio russo e soviético  Estação de Samarcanda em 1890, por Paul Nadar

Samarcanda foi conquistada pelo Império Russo em 1868, após a cidadela ter sido tomada pela força pelo coronel Konstantin von Kaufman. Pouco tempo depois a pequena guarnição de 500 homens foi cercada por tropas do Emirado de Bucara e várias tribos usbeques. O ataque contra os russos, liderado por Abedal Maleque Tura, o filho rebelde do emir de Bucara, pelo begue de Xacrisabez e Jura Beg de Kitob, foi repelido com pesadas baixas. O general Alexander Konstantinovich Abramov foi nomeado o primeiro governador okrug (distrito) militar que os russos estabeleceram ao longo do curso do rio Zarafexã, cujo centro administrativo era Samarcanda. A parte russa da cidade foi construída depois destes acontecimentos, na maior parte a oeste da cidade antiga.[carece de fontes?] Em 1886, a cidade tornou-se a capital no então formado oblast de Samarcanda do Turquestão Russo e ganhou ainda maior importância quando passou a ser servida pela Ferrovia Trans-Caspiana em 1888.[carece de fontes?]

Entre 1925 e 1930 foi a capital da República Socialista Soviética Usbeque, até ser substituída por Tasquente. Durante a Segunda Guerra Mundial, depois da Alemanha ter invadido a União Soviética, muitos cidadãos de Samarcanda foram enviados para Smolensk para lá combaterem. Muitos deles foram feitos prisioneiros ou mortos pelos nazis.[40][41] Na mesma altura, milhares de refugiados das regiões ocidentais da União Soviética fugiram para Samarcanda, que foi um dos principais destinos de fuga de civis na República Soviética Usbeque e do resto da União Soviética.[carece de fontes?]

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