A Basílica de São Pedro (em latim: Basilica Sancti Petri, em italiano Basilica di San Pietro) é uma basílica no Estado do Vaticano. Trata-se do maior e mais importante edifício religioso do catolicismo e um dos locais cristãos mais visitados do mundo. Cobre uma área de 23 000 m² ou 2,3 hectares (5,7 acres) e pode albergar mais de 60 mil devotos (mais de cem vezes a população do Vaticano). É o edifício com o interior mais proeminente do Vaticano, sendo a sua cúpula uma característica dominante do horizonte de Roma, adornado com 340 estátuas de santos, mártires e anjos. Situada na Praça de São Pedro, a sua construção recebeu contribuições de alguns dos maiores artistas da história da humanidade, tais como Bramante, Michelângelo, Rafael e Bernini.
Especificamente classificada pela UNESCO, catalogada e preservada como Património Mundial da Humanidade, a Basílica de São Pedro foi considerada o maior projecto arquitectónico da sua época e continua a ser um dos ...Ler mais
A Basílica de São Pedro (em latim: Basilica Sancti Petri, em italiano Basilica di San Pietro) é uma basílica no Estado do Vaticano. Trata-se do maior e mais importante edifício religioso do catolicismo e um dos locais cristãos mais visitados do mundo. Cobre uma área de 23 000 m² ou 2,3 hectares (5,7 acres) e pode albergar mais de 60 mil devotos (mais de cem vezes a população do Vaticano). É o edifício com o interior mais proeminente do Vaticano, sendo a sua cúpula uma característica dominante do horizonte de Roma, adornado com 340 estátuas de santos, mártires e anjos. Situada na Praça de São Pedro, a sua construção recebeu contribuições de alguns dos maiores artistas da história da humanidade, tais como Bramante, Michelângelo, Rafael e Bernini.
Especificamente classificada pela UNESCO, catalogada e preservada como Património Mundial da Humanidade, a Basílica de São Pedro foi considerada o maior projecto arquitectónico da sua época e continua a ser um dos monumentos mais visitados e celebrados do mundo. Foi provado que sob o altar da basílica está enterrado São Pedro (de onde provém o nome da basílica) um dos doze apóstolos de Jesus e o primeiro Papa e, portanto, o primeiro na linha da sucessão papal. Por esta razão, muitos Papas, começando com os primeiros, têm sido enterrados neste local. Sempre existiu um templo dedicado a São Pedro em seu túmulo, inicialmente extremamente simples, com o passar do tempo, os devotos foram aumentando o santuário, culminando na atual basílica. A construção do atual edifício, no local da antiga basílica erguida pelo imperador Constantino, começou em 18 de abril de 1506 e foi concluída em 18 de novembro de 1626, sendo consagrada imediatamente pelo Papa Urbano VIII. A basílica é um famoso local de peregrinação, pelas suas funções litúrgicas e associações históricas e uma das sete igrejas de peregrinação de Roma.
A Basílica de São Pedro é uma das quatro basílicas patriarcais de Roma, sendo as outras a Arquibasílica de São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Extramuros. Contrariamente à crença popular, São Pedro não é uma catedral, uma vez que não é a sede de um bispo. Embora a Basílica de São Pedro não seja a sede oficial do Papado (que fica na Arquibasílica de São João de Latrão), certamente é a principal igreja que conta com a participação do Papa, pois a maioria das cerimónias papais são lá realizadas devido às suas dimensões, à proximidade com a residência do Papa e à localização privilegiada no Vaticano.
No início do Império Romano, pouco antes do nascimento de Jesus, o local era ocupado com algumas construções residenciais, erguidas em torno dos jardins imperiais da propriedade de Agripina Maior. O seu filho, Calígula (37-41 d.C.), construiu nesse local um circo privado, o Circo de Nero, cujo obelisco permanece ainda como um dos poucos monumentos comemorativos deixados daquela época. Neste circo e nos jardins a ele adjacentes, tiveram lugar os martírios de vários cristãos em Roma no templo do então imperador Nero (54-68). Um espaço imemorial que coloca o martírio do Apóstolo São Pedro personificado no recinto - entre os dois terminais (duas "metas") da "spina", onde no seu centro foi acrescentado o Obelisco do Vaticano. De acordo com a tradição católica, descrita nos livros apócrifos (como os Atos de Pedro), o apóstolo foi crucificado por volta do ano 65 d.C.. Pedro foi crucificado de cabeça para baixo como gesto de humildade perante Cristo, uma vez que não se considerava digno de morrer como o Filho de Deus. No entanto, outra versão afirma que este gesto pode ter sido de uma crueldade adicional infligida deliberadamente pelos romanos.[1]
Túmulo de São PedroDepois da crucificação de Jesus, na primeira metade do primeiro século da era cristã, está registado no livro bíblico Atos dos Apóstolos, que um de seus doze discípulos, conhecido como Simão Pedro, um pescador da Galileia, assumiu a liderança entre os seguidores de Jesus, exercendo um papel importante na fundação da Igreja Cristã. O nome é Pedro, "Petrus" em latim e "Πέτρος" (Petros) em grego, decorrente de "petra", que significa "pedra" ou "rocha" em grego. Pedro depois de um ministério com cerca de trinta anos, viajou para Roma e evangelizou grande parte da população romana.[2] Pedro foi executado no ano 64 d.C. durante o reinado do imperador romano Nero e crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, perto do obelisco no Circo de Nero.[3][4]
Os restos mortais de São Pedro foram enterrados fora do circo, na colina do Vaticano, a menos de 150 metros do local da sua morte. O seu túmulo foi inicialmente marcado apenas com uma pedra vermelha, símbolo do seu nome. Um santuário foi construído neste local alguns anos mais tarde. Quase trezentos anos depois, a Antiga Basílica de São Pedro foi construída neste sítio.[3]
A partir dos anos 1950, intensificaram-se as escavações no subsolo da basílica, após extenuantes e cuidadosos trabalhos, inclusive com a remoção de toneladas de terra correspondente do corte da colina Vaticana que serviu para a terraplenagem da construção da primeira basílica na época de Constantino. A equipe chefiada pela arqueóloga italiana Margherita Guarducci encontrou o que seria uma necrópole atribuída a São Pedro, e inclusive uma parede onde foi inscrita a expressão Petrós Ení, que, em grego, significa "Pedro está aqui".[5]
Também foram encontrados, num nicho, fragmentos de ossos de um homem robusto e idoso, entre 60 e 70 anos de idade, envoltos em restos de tecido púrpura com fios de ouro que se acredita, com muita probabilidade, pertencerem São Pedro. A data real do martírio, de acordo com um cruzamento de datas feito pela arqueóloga, seria 13 de outubro de 64 d.C. e não 29 de junho, data em que se comemorava o traslado dos restos mortais de São Pedro e São Paulo para a estada dos mesmos nas Catacumbas de São Sebastião durante a perseguição do imperador romano Valeriano em 257.[6]
Antiga Basílica de São PedroO imperador Constantino entre 326 d.C. e 333 d.C. ordenou a construção da Antiga Basílica de São Pedro.[7] Desta basílica nada restou, porém, através de descobertas arqueológicas, descrições de peregrinos e desenhos antigos, os especialistas obtiveram as noções básicas da sua estrutura. Como em quase todas as igrejas da antiguidade, seguiu-se o modelo da basílica cívica romana: um salão retangular, dividido em nave central e naves laterais, que oferecia espaço bastante para a congregação dos fiéis. As cerimónias no altar eram realizadas na abside ao fim da nave central, bem visíveis a todos. Um fresco do século XVI na igreja de San Martino ai Monti deu-nos uma ideia aproximada da aparência interior, com a sua cobertura em madeira, porém é totalmente desconhecido quais estátuas ou pinturas que a ela pertenceram.[8]
A basílica atual, com um estilo renascentista e barroco, foi erguida sobre a antiga, o que exigiu que o edifício fosse orientado para oeste, mas também que a necrópole antiga fosse aterrada, sendo construídas muralhas de suporte para criar uma enorme base que servisse como alicerce. Na plataforma, construiu-se então a basílica, com nave central e quatro naves laterais, ricamente adornada com frescos e mosaicos, e um grande átrio dianteiro, demarcado com colunas. Várias vezes alterado e restaurado, o edifício de Constantino, conhecido por velha igreja de São Pedro, sobreviveu até ao início do século XVI.[9]
Plano de reconstruçãoNo final do século XV, após o papado de Avignon, a basílica paleocristã encontrava-se bastante deteriorada, com sérios riscos de desabar. O primeiro papa a considerar uma reconstrução ou pelo menos realizar radicais intervenções na estrutura, foi Nicolau V em 1452. Assim, o trabalho foi encomendado a Leon Battista Alberti e Bernardo Rossellino (ambos arquitectos), que se encarregaram de projetar as modificações mais importantes a cumprir. No seu projecto, Rossellino manteve o corpo longitudinal das cinco naves com cobertura ababadada e renovou o transepto, com a construção de uma abside mais ampla à qual acrescentou um coro. Esta nova intersecção entre o transepto e a abside seria coberta por uma cúpula. Tal configuração desenvolvida por Rossellino influenciou o projecto futuro de Donato Bramante. O trabalho foi interrompido três anos depois da morte do Papa, quando as paredes apenas haviam alcançado um metro de altura. Entretanto, o papa ordenou a demolição do Coliseu de Roma e, até ao momento da sua morte, 2 522 carradas de pedra tinham sido transportadas para uso do novo edifício.[3][10]
Cinquenta anos depois, em 1505, sob orientação do Papa Júlio II, as obras foram retomadas, com o propósito de que o novo edifício fosse um marco importante e apropriado para acomodar o seu túmulo. O papa pretendia com a obra "engrandecer-se a si mesmo nos ideais do povo".[nt 1][11] Foi então celebrado um concurso para o projecto, existindo actualmente vários dos desenhos na época elaborados, na Galleria degli Uffizi, em Florença. No pontificado de Júlio II (1503 a 1513) decidiu-se afinal derrubar a igreja velha e em 18 de abril de 1506, Bramante recebeu o encargo de desenhar a nova basílica. Os seus planos eram de um edifício centralmente planificado, com um domo inscrito sobre o centro de cruz grega, forma que correspondia aos ideais da Renascença pela semelhante relação com um mausoléu da antiguidade. Uma sucessão de papas e arquitectos nos 120 anos seguintes participariam da construção que culminou no edifício atual. Iniciada por Júlio II, continuou através dos pontificados do Papa Leão X (1513-1521), Papa Adriano VI (1522-1523). Papa Clemente VII (1523-1534), Papa Paulo III (1534-1549), Papa Júlio III (1550-1555) , Papa Marcelo II (1555), Paulo IV (1555-1559), Papa Pio IV (1559-1565), Papa Pio V (santo) (1565-1572), Papa Gregório XIII (1572-1585), Papa Sisto V (1585-1590), Papa Urbano VII (1590), Papa Gregório XIV (1590-1591), Papa Inocêncio IX (1591), Papa Clemente VIII (1592-1605), Papa Leão XI (1605), Papa Paulo V (1605-1621), Papa Gregório XV (1621-1623), Papa Urbano VIII (1623-1644)[12] e Papa Inocêncio X (1644-1655).[13]
Renascença Fachada da Basílica à noite.Um método utilizado para financiar a construção da Basílica de São Pedro foi a concessão de indulgências em troca de contribuições daqueles que com esmolas ajudaram na reconstrução da basílica. O grande promotor deste método de angariação de fundos foi Alberto de Mainz, que se viu forçado a liquidar as dívidas à Cúria Romana, contribuindo para o programa de reconstrução. Para facilitar, Alberto nomeou o alemão Johann Tetzel, pregador da Ordem dos dominicanos, cuja arte de propaganda e venda de indulgências motivou um avultado escândalo.[14] O agressivo marketing de Johann Tetzel em promover esta causa foi mal encarado por alguns eclesiásticos, até que um padre alemão agostiniano, Martinho Lutero, escreveu ao arcebispo Alberto, argumentando contra essa "venda de indulgências", incluindo porém a sua "disputa de Martinho Lutero sobre o poder e eficácia das indulgências", que veio a ser conhecido pelas "95 Teses"[15] (Tetzel seria inclusive punido por Leão X pelos seus sermões, que iam muito além dos ensinamentos reais sobre as indulgências). Embora Lutero não negasse o direito do Papa ou da Igreja de conceder perdões e penitências,[16] exigia no entanto, a correção de abusos na prática. Isto tornou-se um factor importante para o início da Reforma Protestante, com o nascimento do protestantismo.[17][18]
Um século mais tarde o edifício ainda não estava completado. A Bramante sucederam, como arquitectos, Rafael, Giovanni Giocondo, Giuliano da Sangallo, Baldassare Peruzzi, Antonio da Sangallo. O Papa Paulo III (pontificado de 1534-1549) em 1546 entregou a direção dos trabalhos a Miguel Ângelo.[19] Este, aos 72 anos, deixou-se fascinar pela cúpula, concentrando nela os seus valorosos esforços, apesar que não ter conseguido completá-la antes de sua morte em 1564. O zimbório é visível de toda a cidade de Roma, dominando seus céus, e tem diâmetro de 42 metros, ligeiramente menor ao domo do Panteão, contudo é mais imponente por ser significativamente mais alto, com 132,5 m.[3] Graças aos seus planos e a um modelo em madeira, seu sucessor, Giacomo della Porta, foi capaz de terminar a cúpula com ligeiras modificações. O modelo segue o da famosa cúpula que Brunelleschi ergueu na catedral de Florença, que cria impressão de grande imponência. A diferença é que, ao contrário do que Miguel Ângelo havia planeado, não se trata de uma cúpula semicircular, mas afunilada o que cria um movimento de impulso para cima até culminar na lanterna cujas janelas, inseridas em fendas entre duas colunas, deixam a luz inundar o seu interior.[20] Terminada em 1590, ainda é uma das maravilhas da arquitectura ocidental. Vignola, Pirro Ligorio, Giacomo della Porta continuaram entretanto os trabalhos na basílica.[21]
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