Μυκήνες

( Micenas )

Micenas (AFI[/my'ke:nai/], em grego moderno Μυκήνες AFI[/mi'cines/]), é um sítio arqueológico na Grécia, localizado cerca de 90 km a sudoeste de Atenas, no nordeste do Peloponeso. Argos fica a 11 km para sul; Corinto, 48 km para norte. Do monte onde se localiza o palácio, avista-se a Argólida até o golfo Sarónico.

No segundo milênio a.C., Micenas foi um dos maiores centros da civilização grega e uma potência militar que dominou a maior parte do sul da Grécia. O período da história de cerca de 1600 a cerca de 1100 a.C é chamado Micénico em reconhecimento à posição de liderança de Micenas.

 O túmulo de Egisto, no exterior das muralhas da cidadelaNeolítico

Deste período foram apenas encontrados e datados alguns fragmentos de cerâmica dispersos em entulho revolvido, referentes a antes de 3500 a.C. O sítio foi habitado, mas a estratigrafia ficou deveras comprometida com as construções posteriores.[1]

Idade do Bronze  Vista da acrópole, na cidade alta

Durante a Idade do Bronze, o padrão na ocupação do espaço de Micenas era o de um monte fortificado rodeado de pequenos povoados rurais, em contraste com a densa urbanização da costa. Como Micenas era a capital de um estado que governou, ou dominou, grande parte do mundo mediterrânico oriental, os seus governantes terão colocado as suas fortalezas características em regiões mais remotas e menos povoadas devido ao seu valor defensivo. Já que existem poucos documentos datáveis nos sítios estudados (como o poderia ser um escaravelho egípcio, por exemplo) e como não há estudos de dendrocronologia efectuados sobre os vestígios encontrados, a cronologia da história de Micenas encontra-se muito dependente da cultura material do Período Heládico.

Heládico inicial

Pensa-se que, neste período, tal como o resto do território continental grego, Micenas tenha sido ocupada por povos de língua não Indo-europeus que praticavam a agricultura e a pecuária, de 3000 a.C. a 2000 a.C.[2] Há evidências arqueológicas de ocupação do sítio, de 3500 a 2100, ainda que deficientemente estratificados, tal como acontece para o período Neolítico.[1]

Heládico médio

Acredita-se que a acrópole de Micenas tenha sido fortificada cerca de 1500 a.C, devido à presença de túmulos verticais datando deste período.Os primeiros sepultamentos em covas ou cistas começaram a oeste da acrópole cerca de 1800-1700 a.C. Neste período, a acrópole já estava cercada, pelo menos parcialmente, pela série mais antiga de muralhas. A respeito dos vestígios desta época, Emily Vermeule chegou a dizer que "nada há no mundo do Heládico Médio que nos prepare para o furioso esplendor dos túmulos verticais.".[3]

Heládico Tardio I  Espadas e vasos micénios

Escavado entre 1952 e 1954 por Papadimitriou e Mylonas, fora das muralhas, o círculo tumular B pertencente a um recinto funerário do século XVII ou XVI a.C. O conjunto é rodeado por paredes de pedra de junta seca, de vinte e oito metros de diâmetro, encerrando catorze grandes túmulos verticais, que se destinariam a membros da realeza, e doze túmulos menores em forma de cista. Alguns dos túmulos apresentavam estelas verticais, permanecendo no local original apenas cinco. As estelas relativas a túmulos masculinos apresentavam decorações em relevo, enquanto que os túmulos de mulheres eram marcados por estelas lisas. O facto de muitos dos túmulos terem sido encontrados inviolados permitiu estudar cerca de trinta e cinco restos mortais de homens, mulheres e crianças, podendo concluir-se que os homens, pelas injúrias evidenciadas nos ossos e pela sua massa muscular, pertenciam a um grupo eminentemente guerreiro.

O Círculo Tumular A, mais recente, apresentava um espólio ainda mais rico, incluindo máscaras mortuárias de eletro, um selo de ametista com a representação de uma figura masculina (túmulo Gama), e um cimbe (vaso alongado e raso) de cristal de rocha com forma de pato no túmulo Ómicron. O espólio tumular pertence à tradição do Heládico Médio, importado da Creta Minoica e das Cíclades.[4]

Heládico Tardio II  Corte do tolo vulgarmente conhecido como "Sala do Tesouro de Atreu"

Posteriormente, os micénios, abandonando a prática das inumações em túmulos verticais, passaram a construir enormes sepulturas circulares chamadas tolos, frequentemente construídas nos lados das colinas. Alan Wace categorizou os nove tolo de Micenas em três grupos, de acordo com as suas características arquiteturais e de engenharia. O primeiro grupo, que inclui o Túmulo Ciclópico, Epano Furno, e o Túmulo de Egisto datam do Heládico Tardio IIA enquanto as mais recentes datam do Heládico Tardio IIIB (o que corresponde ao período de cerca de 1525 a.C. a 1300/1275). O segundo grupo inclui Cato Furno, Panagia Tolo, e o Túmulo do Leão. O terceiro grupo é constituído pelo Túmulo de Clitemnestra, Túmulo dos Génios (ou Tolo Perfeito) e a Sala do Tesouro de Atreu, descoberta pelo arqueólogo alemão Heinrich Schliemann.[5] Uma vez que esta tinha sido saqueada muito tempo antes, não foi considerada como túmulo por Schliemann. As suas proporções permitiram que Schliemann recebesse aí o imperador brasileiro Dom Pedro II, para almoçar no seu interior durante sua visita às escavações arqueológicas.

Heládico Tardio III

À data convencional de 1350 a.C., as fortificações da acrópole, e dos outros montes circundantes, foram reconstruídas num estilo que ficou conhecido como ciclópico devido aos blocos de pedra usados, de tão grandes dimensões que se julgou posteriormente só poderem ter sido manejadas pelos míticos gigantes de um só olho, conhecidos como Ciclopes.[6] Dentro destas muralhas, grande parte das quais ainda é visível, foram construídos sucessivos palácios monumentais. O palácio final, cujos vestígios podem ser admirados actualmente na acrópole, datam do início do período LHIIIA:2. Terão existido palácios anteriores, mas ou foram destruídos ou serviram de base para a construção de outros.[7]

 O Portal do Leão (detalhe)

Foram encontrados em torno do mar Egeu mais vestígios, geralmente apenas o chão, de palácios construídos com características arquitectónicas semelhantes, como a existência do mégaro, ou sala do trono, apresentando uma lareira central sob uma abertura no tecto, suportada por quatro colunas dispostas quadrangularmente à sua volta. O trono, contra o centro da parede ao lado da lareira, permitia uma visão desobstruída do governante a partir da entrada. AS paredes de gesso e o chão eram adornadas por frescos coloridos.[8][9]

A construção mais conhecida de Micenas é o Portal do Leão, que foi erguido em aproximadamente 1250 a.C. Nesta época, Micenas provavelmente era uma cidade próspera, cujo poder político, militar e econômico se estendia até Creta, Pilos e até mesmo a Tebas e Atenas. Entretanto, em cerca de 1200 a.C, o poder de Micenas estava declinando; durante o século XII a.C., o domínio micênico entrou em colapso. Tradicionalmente, isto é atribuído a uma invasão dos dórios, gregos do norte, embora atualmente alguns historiadores duvidem que tal invasão tenha acontecido.

A lembrança do poder de Micenas se manteve nas mentes dos gregos durante os séculos seguintes, conhecidos como a Idade das Trevas. Os poemas épicos atribuídos pelos gregos de gerações posteriores a Homero, a Ilíada e a Odisseia, preservam memórias do período micênico. Os poemas de Homero apresentam o rei Agamemnon de Micenas como o líder máximo dos gregos na guerra de Troia.

Período clássico

Durante o período clássico inicial, Micenas foi habitada novamente, embora jamais tivesse recuperado sua antiga importância. Micênios combateram em Termópilas[10] e em Plateias durante as guerras Médicas. Entretanto, em 468 a.C,[Nota 1] tropas de Argos capturam Micenas, venderam os habitantes como escravos e arrasaram a cidade.[11] Argos aproveitou-se do momento que Esparta estava ocupada com a Terceira Guerra Messênia,[12] após o Terremoto de Esparta em 464 a.C, e Micenas não podia contar com este aliado.[13]

Durante os períodos helenístico e romano, as ruínas de Micenas eram uma atração turística, assim como são hoje. Uma pequena aldeia surgiu para atender aos negócios gerados pelos turistas. No entanto, o local foi abandonado no final do Império Romano.

a b «Mycenae map GREECE - Detailed map of Mycenae». www.greece-map.net. Consultado em 25 de abril de 2010  «The Myceneans». www.wsu.edu. Consultado em 25 de abril de 2010. Arquivado do original em 11 de abril de 2010  Emily Vermeule. Greece in the Bronze Age. The University of Chicago Press, 1964. LC 64-23427 «Mycenae's Grave Circle B». www.greek-thesaurus.gr. Consultado em 22 de novembro de 2010  «Mycenaean Tholos Tombs and Early Mycenaean Settlements». projectsx.dartmouth.edu. Consultado em 24 de novembro de 2010  Micenas, cadinho tumultuoso da Hélade, in "As Grandes Civilizações Perdidas", Selecções do Reader's Digest, Lisboa, 1981 Rowbotham, William. "Mycenae and the Bronze Age." Odyssey Adventures. Odyssey. Retrieved on 9 September 2007. «Mycenae Megaron: Mythology, Religion, Art in Ancient Mycenae». atheism.about.com. Consultado em 17 de janeiro de 2011  «A arquitetura micênica [Portal Graecia Antiqua]». greciantiga.org. Consultado em 17 de janeiro de 2011  Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro XI, 65.2 [ael/fr][en] Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro XI, 65.5 [ael/fr][en] Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro XI, 65.3 [ael/fr][en] Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro XI, 65.4 [ael/fr][en]


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