Contexto de Brasil

Brasil (localmente [bɾaˈziw]), oficialmente República Federativa do Brasil (escutar), é o maior país da América do Sul e da região da América Latina, sendo o quinto maior do mundo em área territorial (equivalente a 47,3% do território sul-americano), com 8 510 417,771 km², e o sexto em população (com mais de 207,8 milhões de habitantes). É o único país na América onde se fala majoritariamente a língua portuguesa e o maior país lusófono do planeta, além de ser uma das nações mais multiculturais e etnicamente diversas, em decorrência da forte imigração oriunda de variados locais do mundo. Sua atual Constituição, promulgada em 1988, concebe o Brasil como uma república federativa presidencialista, formada pela união dos 26 estados, do Distrito Federal e dos 5 570 municípios.

Banhado pelo Oceano Atlântico, o Brasil tem um litoral de 7 491 km e faz fronteira com todo...Ler mais

Brasil (localmente [bɾaˈziw]), oficialmente República Federativa do Brasil (escutar), é o maior país da América do Sul e da região da América Latina, sendo o quinto maior do mundo em área territorial (equivalente a 47,3% do território sul-americano), com 8 510 417,771 km², e o sexto em população (com mais de 207,8 milhões de habitantes). É o único país na América onde se fala majoritariamente a língua portuguesa e o maior país lusófono do planeta, além de ser uma das nações mais multiculturais e etnicamente diversas, em decorrência da forte imigração oriunda de variados locais do mundo. Sua atual Constituição, promulgada em 1988, concebe o Brasil como uma república federativa presidencialista, formada pela união dos 26 estados, do Distrito Federal e dos 5 570 municípios.

Banhado pelo Oceano Atlântico, o Brasil tem um litoral de 7 491 km e faz fronteira com todos os outros países sul-americanos, exceto Chile e Equador, sendo limitado a norte pela Venezuela, Guiana, Suriname e pelo departamento ultramarino francês da Guiana Francesa; a noroeste pela Colômbia; a oeste pela Bolívia e Peru; a sudoeste pela Argentina e Paraguai e ao sul pelo Uruguai. Vários arquipélagos formam parte do território brasileiro, como o Atol das Rocas, o Arquipélago de São Pedro e São Paulo, Fernando de Noronha (o único destes habitado por civis) e Trindade e Martim Vaz. O Brasil também é o lar de uma diversidade de animais selvagens, ecossistemas e de vastos recursos naturais em uma grande variedade de habitats protegidos.

O território que atualmente forma o Brasil foi oficialmente descoberto pelos portugueses em 22 de abril de 1500, em expedição liderada por Pedro Álvares Cabral. Segundo alguns historiadores como Antonio de Herrera e Pietro d'Anghiera, o encontro do território teria sido três meses antes, em 26 de janeiro, pelo navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón, durante uma expedição sob seu comando. A região, então habitada por indígenas ameríndios divididos entre milhares de grupos étnicos e linguísticos diferentes, cabia a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas, e tornou-se uma colônia do Império Português. O vínculo colonial foi rompido, de fato, quando em 1808 a capital do reino foi transferida de Lisboa para a cidade do Rio de Janeiro, depois de tropas francesas comandadas por Napoleão Bonaparte invadirem o território português. Em 1815, o Brasil se torna parte de um reino unido com Portugal. Dom Pedro I, o primeiro imperador, proclamou a independência política do país em 1822. Inicialmente independente como um império, período no qual foi uma monarquia constitucional parlamentarista, o Brasil tornou-se uma república em 1889, em razão de um golpe militar chefiado pelo marechal Deodoro da Fonseca (o primeiro presidente), embora uma legislatura bicameral, agora chamada de Congresso Nacional, já existisse desde a ratificação da primeira Constituição, em 1824. Desde o início do período republicano, a governança democrática foi interrompida por longos períodos de regimes autoritários, até um governo civil e eleito democraticamente assumir o poder em 1985, com o fim da ditadura militar.

Como potência regional e média, a nação tem reconhecimento e influência internacional, sendo que também é classificada como uma potência global emergente e como uma potencial superpotência por vários analistas. O PIB nominal brasileiro foi o décimo segundo maior do mundo e o oitavo por paridade do poder de compra (PPC) em 2020. O país é um dos principais celeiros do planeta, sendo o maior produtor de café dos últimos 150 anos, além de ser classificado como uma economia de renda média-alta pelo Banco Mundial e como um país recentemente industrializado, que detém a maior parcela de riqueza global da América do Sul. No entanto, o país ainda mantém níveis notáveis de corrupção, criminalidade e desigualdade social. É membro fundador da Organização das Nações Unidas (ONU), G20, BRICS, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), União Latina, Organização dos Estados Americanos (OEA), Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Mais sobre Brasil

Informação básica
  • Nome nativo Brasil
  • Código de chamada +55
  • Domínio da Internet .br
  • Mains voltage 220V/60Hz
  • Democracy index 6.92
Population, Area & Driving side
  • População 203062512
  • Área 8515767
  • Lado de condução right
Histórico
  •  Ver artigo principal: História do Brasil
    Período pré-colonial
     Ver artigo principal: História pré-cabralina do Brasil
     Ver artigo principal: História do Brasil
    Período pré-colonial
     Ver artigo principal: História pré-cabralina do Brasil
     
    Arte rupestre no Parque Nacional Serra da Capivara, que tem a maior e mais antiga concentração de sítios pré-históricos na América[1]

    Estima-se que os primeiros seres humanos tenham ocupado a região que compreende o atual território brasileiro há cerca de 60 mil anos.[2] Quando encontrada pelos europeus em 1500, a América do Sul tinha sua costa oriental habitada por cerca de dois milhões de nativos, do norte ao sul.[3][4]

    A população ameríndia era repartida em grandes nações indígenas compostas por vários grupos étnicos entre os quais se destacam os grandes grupos tupi-guarani, macro-jê e aruaque. Os primeiros eram subdivididos em guaranis, tupiniquins e tupinambás, entre inúmeros outros.[5]

    Os tupis espalhavam-se do atual Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte de hoje,[5] sendo a primeira raça indígena que teve contato com o colonizador,[6] na região denominada Pindorama (da língua tupi "Terra das Palmeiras"),[7] e decorrentemente a de maior presença, com influência no mameluco, no mestiço, no luso-brasileiro que nascia e no europeu que se fixava".[6]

    As fronteiras entre esses grupos e seus subgrupos, antes da chegada dos europeus, eram demarcadas pelas guerras entre os mesmos, oriundas das diferenças de cultura, língua e costumes.[8] Guerras essas que também envolviam ações bélicas em larga escala, em terra e na água, com a antropofagia ritual sobre os prisioneiros de guerra.[9]

    Embora a hereditariedade tivesse algum peso, a liderança era um status mais conquistado ao longo do tempo, do que atribuído em cerimônias e convenções sucessórias.[10]

    A escravidão entre os indígenas tinha um significado diferente da escravidão europeia, uma vez que se originava de uma organização socioeconômica diversa, na qual as assimetrias eram traduzidas em relações de parentesco.[11]

    Colonização europeia
     Ver artigo principal: Colonização do Brasil
     
    Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro, por Oscar Pereira da Silva (1922).
     
    Prisão de Tiradentes, condenado à morte em 1792 por ter liderado a Inconfidência Mineira
     
    Aplicação do Castigo do Açoite por Jean-Baptiste Debret. Quase 5 milhões de africanos escravizados foram importados ao Brasil durante o comércio atlântico de escravos, mais do que qualquer país.[12]

    Embora supostamente o português Duarte Pacheco Pereira[13] e o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón tenham sido os primeiros europeus a chegar à terra agora chamada de Brasil (cuja viagem de Pinzón terá sido documentada ao atingir o cabo de Santo Agostinho, no litoral de Pernambuco, em 26 de janeiro de 1500), o território foi reivindicado por Portugal em 22 de abril do mesmo ano, com a chegada da frota portuguesa comandada por Pedro Álvares Cabral a Porto Seguro, no atual estado da Bahia, em função do Tratado de Tordesilhas.[14][15]

    A colonização do Brasil foi efetivamente iniciada em 1534, quando D. João III dividiu o território em quatorze capitanias hereditárias,[16][17] mas esse arranjo se mostrou problemático, uma vez que apenas as capitanias de Pernambuco e São Vicente prosperaram. Então, em 1549, o rei atribuiu um governador-geral para administrar toda a colônia.[17][18] Os portugueses assimilaram algumas das tribos nativas,[19] enquanto outras foram escravizadas ou exterminadas por doenças europeias a que não tinham imunidade,[20][21] ou em longas guerras travadas nos dois primeiros séculos de colonização, entre os grupos indígenas rivais e seus aliados europeus.[22][23][24]

    Em meados do século XVI, quando o açúcar de cana tornou-se o mais importante produto de exportação do Brasil,[25] os portugueses iniciaram a importação de escravos africanos, comprados nos mercados de escravos da África Ocidental.[26][27] Assim, esses começaram a ser trazidos ao Brasil, inicialmente para lidar-se com a crescente demanda internacional do produto, naquele que foi denominado ciclo do açúcar.[28][29]

    Ignorando o tratado de Tordesilhas de 1494, os portugueses, através de expedições conhecidas como bandeiras, paulatinamente avançaram sua fronteira colonial na América do Sul para onde se situa a maior parte das atuais fronteiras brasileiras,[30][31] tendo passado os séculos XVI e XVII defendendo tais conquistas contra potências rivais europeias.[31] Desse período destacam-se os conflitos que rechaçaram as incursões coloniais francesas (no Rio de Janeiro em 1567 e no Maranhão em 1615) e que, após o fim da União Ibérica, expulsaram os holandeses do nordeste, na chamada Insurreição Pernambucana — sendo o conflito com os holandeses parte integrante da Guerra Luso-Holandesa.[31][32]

    Ao final do século XVII, devido à concorrência colonial as exportações de açúcar brasileiro começaram a declinar, mas a descoberta de ouro pelos bandeirantes na década de 1690 abriu um novo ciclo para a economia extrativista da colônia, promovendo uma febre do ouro no Brasil, que atraiu milhares de novos colonos, vindos não só de Portugal, mas também de outras colônias portuguesas ao redor do mundo, o que por sua vez acabou gerando conflitos (como a Guerra dos Emboabas), entre os antigos colonos e os recém-chegados.[33]

    Para garantir a manutenção da ordem colonial interna, além da defesa do monopólio de exploração econômica do Brasil, o foco da administração colonial portuguesa concentrou-se tanto em manter sob controle e erradicar as principais formas de rebelião e resistência dos escravos (a exemplo do Quilombo dos Palmares),[34] como em reprimir todo movimento por autonomia ou independência política (como a Inconfidência Mineira).[35][36]

    Reino unido com Portugal
     Ver artigo principal: Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves
     
    Aclamação do Rei Dom João VI do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, no Rio de Janeiro

    No final de 1807, forças espanholas e napoleônicas ameaçaram a segurança de Portugal Continental, fazendo com que o Príncipe Regente D. João VI, em nome da rainha Maria I, transferisse a corte real de Lisboa ao Brasil.[37] O estabelecimento da corte portuguesa trouxe o surgimento de algumas das primeiras instituições brasileiras, como bolsas de valores locais[38] e um banco nacional, e acabou com o monopólio comercial que Portugal mantinha sobre o Brasil, liberando as trocas comerciais com outras nações. Em 1809, em retaliação por ter sido forçado a um "autoexílio" no Brasil, o príncipe regente ordenou a conquista portuguesa da Guiana Francesa.[39]

    Com o fim da Guerra Peninsular em 1814, os tribunais europeus exigiram que a rainha Maria I e o príncipe regente D. João regressassem a Portugal, já que consideravam impróprio que representantes de uma antiga monarquia europeia residissem em uma colônia. Em 1815, para justificar a sua permanência no Brasil, onde a corte real tinha prosperado nos últimos seis anos, o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves foi criado, estabelecendo, assim, um Estado monárquico transatlântico e pluricontinental.[40] No entanto, isso não foi suficiente para acalmar a demanda portuguesa pelo retorno da corte para Lisboa, como a revolução liberal do Porto exigiria em 1820, e nem o desejo de independência e pelo estabelecimento de uma república por grupos de brasileiros, como a Revolução Pernambucana de 1817 mostrou.[40] Em 1821, como uma exigência de revolucionários que haviam tomado a cidade do Porto,[41] D. João VI foi incapaz de resistir por mais tempo e partiu para Lisboa, onde foi obrigado a fazer um juramento à nova constituição, deixando seu filho, o príncipe Pedro de Alcântara, como Regente do Reino do Brasil.[42]

    Independência e Império
     Ver artigos principais: Independência do Brasil e Império do Brasil
     
    Declaração da Independência do Brasil pelo imperador Pedro I em 7 de setembro de 1822. Obra de Pedro Américo (1888)

    Em decorrência desses acontecimentos, a coroa portuguesa tentou, mais uma vez, transformar o Brasil em uma colônia, privando o país do estatuto de Reino, adquirido em 1815.[43] Os brasileiros se recusaram a ceder e D. Pedro ficou com eles, declarando a independência do país do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 7 de setembro de 1822.[44] Em 12 de outubro de 1822, Pedro foi declarado o primeiro imperador do Brasil e coroado D. Pedro I em 1 de dezembro do mesmo ano, fundando, assim, o Império do Brasil.[45]

    A guerra da independência do Brasil, iniciada ao longo deste processo, propagou-se pelas regiões norte, nordeste e ao sul na província de Cisplatina.[46] Os últimos soldados portugueses renderam-se em 8 de março de 1824,[47] sendo a independência reconhecida por Portugal em 29 de agosto de 1825, no tratado do Rio de Janeiro.[48]

    A primeira constituição brasileira foi outorgada em 25 de março de 1824, após a sua aceitação pelos conselhos municipais de todo o país.[49][50] Exaurido no Brasil por anos de exercício do poder moderador, período no qual também enfrentou em Pernambuco o movimento separatista conhecido como Confederação do Equador, e inconformado com o rumo que os absolutistas portugueses haviam imprimido à sucessão de D. João VI, D. Pedro I abdicou em 7 de abril de 1831, em favor de seu filho de cinco anos e herdeiro (que viria a ser o imperador Dom Pedro II), e retornou à Europa a fim de recuperar a coroa para sua filha.[51] Como o novo imperador não poderia, até atingir a maturidade, exercer suas prerrogativas constitucionais, a regência foi adotada.[52]

     
    Dom Pedro II, imperador entre 1840 e 1889

    Durante o período regencial ocorreu uma série de rebeliões localizadas, como a Cabanagem, a Revolta dos Malês, a Balaiada, a Sabinada e a Revolução Farroupilha, decorrentes do descontentamento das províncias com o poder central e das tensões sociais latentes de uma nação escravocrata e recém-independente.[53] Em meio a esta agitação, D. Pedro II foi declarado imperador prematuramente em 23 de julho de 1840. Porém, somente ao final daquela década, as últimas revoltas do período regencial e outras posteriores, como a Revolução Praieira, foram debeladas e o país pôde voltar a uma relativa estabilidade política interna.[9]

    Internacionalmente, após a perda de Cisplatina, que se tornou o Uruguai, o Brasil saiu vitorioso de três guerras no Cone Sul durante o reinado de Dom Pedro II: a guerra do Prata, a guerra do Uruguai e a guerra do Paraguai naquele que, além de ter sido um dos maiores conflitos da história (o maior da América do Sul), foi o que exigiu o maior esforço de guerra na história do país.[54]

    Concernente à questão da escravidão no país, somente após anos de pressão comercial e marítima exercida pelo Reino Unido, em decorrência da lei "Bill Aberdeen", o Brasil concordou em abandonar o tráfico internacional de escravos, em 1850. Apesar disso e da repercussão internacional, dos efeitos políticos e econômicos decorrentes da derrota dos Estados Confederados na Guerra Civil Americana durante a década de 1860, foi apenas em 1888, após um longo processo de mobilização interna e debate para a desmontagem moral e legal da escravidão, que essa foi formalmente abolida no Brasil.[55][56]

    Em 15 de novembro de 1889, desgastada por anos de estagnação econômica, em atrito com a oficialidade do Exército e também com as elites rurais e financeiras (embora por razões diferentes), a monarquia foi derrubada por um golpe militar.[57][58]

    Primeira República e Era Vargas
     Ver artigos principais: Proclamação da República, República Velha e Era Vargas
     
    Proclamação da República, óleo sobre tela de 1893, por Benedito Calixto
     
    Diretamente, ou através de figuras como Vargas (centro), o Exército esteve no poder em grande parte do período republicano
     
    Soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) saudados em Massarosa, Itália, setembro de 1944. A FEB foi a maior força militar latino-americana na Segunda Guerra Mundial.

    Com o início do governo republicano, sendo pouco mais do que uma ditadura militar, a então nova constituição de 1891[59] previa eleições diretas apenas para 1894 e, embora abolisse a restrição do período monárquico que estabelecia direito ao voto apenas aos que tivessem determinado nível de renda, mantinha o exercício do voto em caráter aberto (não secreto) e, entre outras restrições, circunscrito apenas aos homens, alfabetizados, numa época em que a população do país era majoritariamente analfabeta.[60]

    Neste primeiro período, o país republicano manteve um relativo equilíbrio em relação à política externa, que só foi rompido pela questão acriana[61] (1899–1902) e pelo envolvimento do país na Primeira Guerra Mundial (1914–1918).[62][63][64] Internamente, a partir da crise do encilhamento[65][66][67] e da 1ª Revolta da Armada em 1891,[68] iniciou-se um ciclo prolongado de instabilidade financeira, política e social que se estenderia até a década de 1920, mantendo o país assolado por diversas rebeliões, tanto civis[69][70][71] como militares.[72][73][74] Pouco a pouco, estas rebeliões minaram o regime de tal forma que, em 1930, foi possível ao candidato presidencial derrotado nas eleições daquele ano, Getúlio Vargas, na esteira do assassinato de João Pessoa, seu companheiro de chapa, liderar a Revolução de 1930, com o apoio dos militares, e assumir a presidência da república.[75]

    Vargas e os militares, que deveriam assumir a presidência apenas temporariamente a fim de implementar reformas democráticas, fecharam o congresso nacional brasileiro e seguiram governando sob estado de emergência, tendo feito a intervenção federal de todos os estados, à exceção de Minas Gerais,[76] substituindo os governadores dos estados por interventores federais, que eram seus apoiadores políticos.[77]

    Sob a justificativa de cobrar a implementação das promessas de reformas democráticas em uma nova constituição,[78] em 1932 a oligarquia paulista tentou recuperar o poder através de uma revolução armada[79] e, em 1935, os comunistas se rebelaram na Intentona Comunista,[80] tendo ambos os movimentos sido derrotados. No entanto, a ameaça comunista serviu de pretexto tanto para impedir as eleições previamente estipuladas, como para que Vargas e os militares lançassem mão de outro golpe de Estado em 1937 estabelecendo o Estado Novo, formalizando assim o status ditatorial do regime.[81] Em maio de 1938, houve o Levante integralista, ainda outra tentativa fracassada de tomada de poder, desta vez por parte dos nacionalistas.[82]

    O Brasil manteve-se neutro durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial (1939–1945) até os antecedentes que o levaram a postar-se ao lado dos Estados Unidos durante a Conferência Interamericana de 1942, realizada no Rio de Janeiro em janeiro, rompendo relações diplomáticas com as potências do Eixo.[83][84] Em represália, as marinhas de guerra da Alemanha nazista e Itália fascista estenderam sua campanha de guerra submarina ao Brasil e, após meses de contínuo afundamento de navios mercantes brasileiros e forte pressão popular, o governo declarou-lhes guerra em agosto daquele ano,[85][84] tendo somente em 1944 enviado uma força expedicionária para combater na Europa.[86][87] Com a vitória aliada em 1945 e o fim dos regimes nazifascistas na Europa, a posição de Vargas tornou-se insustentável e ele foi rapidamente deposto por outro golpe militar.[88] A democracia foi "restabelecida"[89] e o general Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente, tomando posse em 1946.[90] Tendo voltado ao poder democraticamente eleito em 1950, Vargas suicidou-se em agosto de 1954, em meio a uma crise política.[91][92]

    Quarta República e ditadura militar
     Ver artigos principais: Quarta República e Ditadura militar
     
    Edifício-sede do Congresso Nacional do Brasil em 1959, durante a construção da nova capital federal
     
    Tanques M41 ocupam a Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, em abril de 1968, durante a ditadura militar

    Vários governos provisórios breves sucederam-se após o suicídio de Vargas.[93] Em 1955, através de eleições diretas, Juscelino Kubitschek tornou-se presidente e assumiu uma postura conciliadora em relação à oposição política, o que lhe permitiu governar sem grandes crises.[94] A economia e o setor industrial cresceram consideravelmente,[95] mas sua maior conquista foi a construção da nova capital, Brasília, inaugurada em 1960.[96]

    O sucessor de Kubitschek, Jânio Quadros, eleito em 1960, renunciou em 1961 menos de sete meses após assumir o cargo.[97] Seu vice-presidente, João Goulart, assumiu a presidência, mas suscitou forte oposição política[98] e foi deposto pelo Golpe de 1964 que resultou em um regime militar.[99]

    O novo regime se destinava a ser transitório,[100] mas, cada vez mais fechado em si mesmo, tornou-se uma ditadura plena com a promulgação do Ato Institucional Nº 5 em 1968.[101] A censura e a repressão em todas as suas formas, incluindo a tortura, não se restringiram aos políticos oposicionistas e militantes de esquerda. A sua ação alcançou a todos aqueles a quem o regime encarava como opositores, ou a eles ligados, o que abrangeu praticamente todos os setores sociais; entre eles artistas, estudantes, jornalistas, clérigos, sindicalistas, professores, intelectuais, além dos próprios militares e policiais que demonstrassem não estarem alinhados com o regime[102][103] e familiares de presos políticos.[104][105]

    Através da Operação Condor, o governo brasileiro também participou na perseguição internacional a dissidentes sul-americanos em geral.[106] A exemplo de outros regimes ditatoriais na história, o regime militar brasileiro atingiu o auge de sua popularidade num momento de alto crescimento econômico, que ficou conhecido como "milagre econômico", momento este que coincidiu com o auge da repressão.[107]

    Lentamente, no entanto, o desgaste natural de anos de poder ditatorial, que não abrandou a repressão mesmo após a derrota da guerrilha de esquerda,[108][109] somado à inabilidade em lidar com as crises econômicas do período, o crescimento da oposição política nas eleições regionais[110] e ainda as pressões populares, tornaram inevitável a abertura política do regime que, por seu lado, foi conduzida pelos generais Geisel e Golbery.[111] Com a promulgação da Lei da Anistia em 1979, o Brasil lentamente iniciou a volta à democracia, que se completaria na década de 1980.[112]

    Sexta República
     Ver artigo principal: Sexta República Brasileira
     
    Ulysses Guimarães com a Constituição de 1988, que redemocratizou o país
     
    Moeda de 1 real comemorativa dos 25 anos do Plano Real, que trouxe estabilidade para a economia brasileira após anos de hiperinflação

    Após o movimento popular das Diretas Já, os civis voltaram ao poder em 1985 inaugurando a chamada Nova República, com a eleição do oposicionista Tancredo Neves, que, entretanto, não assumiu o cargo devido à morte decorrente de uma grave doença.[113] Seu vice, José Sarney, assumiu a presidência,[114] tornando-se impopular ao longo de seu mandato por conta da piora da crise econômica e hiperinflação herdadas do regime militar, mesmo com uma breve euforia inicial do seu Plano Cruzado.[115] Sarney deu continuidade ao programa de governo de Tancredo Neves instaurando, em 1987, uma Assembleia Nacional Constituinte,[116] que promulgou a atual Constituição brasileira.[117] No entanto, o fracasso do Governo Sarney na área econômica e o consequente desgaste político permitiu a eleição, em 1989, do quase desconhecido Fernando Collor, que posteriormente sofreu processo de impeachment pelo Congresso Nacional brasileiro em 1992, com seu vice-presidente, Itamar Franco, assumindo o cargo em decorrência.[118]

    Do novo ministério nomeado por Itamar, com integrantes de praticamente todos os partidos que aprovaram o impeachment de Collor.[119] destacou-se Fernando Henrique Cardoso (FHC), como ministro da Fazenda e coordenador do bem-sucedido Plano Real,[120][a] que trouxe estabilidade para a economia brasileira, após décadas de inúmeros planos econômicos de governos anteriores que haviam fracassado na tentativa de controlar a hiperinflação.[118] Em consequência, FHC foi eleito presidente na eleição presidencial de 1994 e novamente em 1998.[121] A transição pacífica de poder para seu principal opositor, Luiz Inácio Lula da Silva, eleito em 2002 e reeleito em 2006, mostrou que o Brasil finalmente conseguiu alcançar a sua muito procurada estabilidade política.[122]

    Nas eleições de 2010, Dilma Rousseff tornou-se a primeira mulher eleita presidente.[123] Em junho de 2013, irromperam no país manifestações populares por diversas reivindicações sociais.[124] Após as polarizadas eleições de 2014, Rousseff foi reeleita, no entanto, em 2015, sua rejeição atingiu quase 70% em meio a protestos populares, ao mesmo tempo em que vários políticos eram investigados pela Polícia Federal.[125] Em abril de 2016, a Câmara iniciou um processo de impeachment contra a presidente, que foi ratificado pelo Senado em maio.[126] Rousseff foi deposta em 31 de agosto e seu vice, Michel Temer, assumiu o cargo.[127] Em 2018, o ex-presidente Lula foi condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.[128] Nas eleições daquele ano, elegeu-se presidente o candidato Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), que venceu no segundo turno Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), com o apoio de 55,13% dos votos válidos.[129] No segundo turno das eleições de 2022, o ex-presidente Lula foi eleito pela terceira vez com o apoio de 50,9% do eleitorado,[130] na eleição mais acirrada da história,[131] enquanto Bolsonaro se tornou o primeiro presidente brasileiro a não conseguir se reeleger depois da redemocratização.[132]

    Romero, Simon (27 de março de 2014). «Discoveries Challenge Beliefs on Humans' Arrival in the Americas». New York Times. Consultado em 31 de maio de 2014  Cunha 2008. «A Pré-História do Brasil registrada». Mercosul Educacional. Consultado em 10 de novembro de 2011. Arquivado do original em 19 de maio de 2011  Levy 1974. a b «Que índios dominavam o litoral do Brasil na época do Descobrimento». Mundo Estranho. Consultado em 24 de abril de 2010. Arquivado do original em 7 de fevereiro de 2009  a b Cascudo 1962, p. 865. «Brasil: como tudo começou?». Empresa Brasil de Comunicação - EBC. 11 de agosto de 2015. Consultado em 11 de janeiro de 2023  Fausto 2000, pp. 45-46, 55 (último parágrafo). a b Fausto 2000, pp. 78-80. Fausto 2000. Fausto 2000, p. 50. Terrence McCoy (17 de janeiro de 2022). «More enslaved Africans came to the Americas through this port than anywhere else. Why have so few heard of it?». Washington Post. Consultado em 3 de janeiro de 2023  «O caso Pacheco Pereira». PÚBLICO. Consultado em 20 de agosto de 2020  Beuchat 1818, p. 77. Boxer 2002, p. 98. Boxer 2002, pp. 100–1. a b Skidmore 2003, p. 27. Boxer 2002, p. 101. Boxer 2002, p. 108. Boxer 2002, p. 102. Skidmore 2003, p. 30, 32. Amantino 2008, p. 47. Soihet & Abreu 2003, p. 29, 2º§. Lopez & Mota 2008, pp. 95 à 97. Skidmore 2003, p. 36. Cashmore 2000, p. 39. Lovejoy 2002, pp. 51–56. Boxer 2002, p. 32–33, 102, 110. Skidmore 2003, p. 34. Boxer 2002, p. 207. a b c Donato 1987, pp. 71–82. Mello 2007. Holanda, Campos & Fausto 1963. Donato 1987, p. 82. Mello 2009, pp. 51, 59, 85. Pedroso 2005, p. 67, 2º§. Boxer 2002, p. 213. Barcellos & Azevedo 2011, p. xiv. Bueno 2003, p. 145. a b Mosher 2008, p. 9. Adelman 2006, p. 334. Lustosa 2006, pp. 109–110. Lustosa 2006, pp. 117–19. Lustosa 2006, pp. 150–53. Vianna 1994, p. 418. Diégues 2004, pp. 168, 164, 178. Diégues 2004, pp. 179–80. Lustosa 2006, p. 208. Vianna 1994, p. 140. Carvalho 1993, p. 23. Lyra 1977a, p. 17. Carvalho 2007, p. 21. Prado 1986, pp. 61 e seg.. Lyra 1977a, pp. 164, 225, 272. Moura 2004, pp. 15, 48 à 50; 69, 70, 153, 241, 386. Schulz 1994, cap. 6. Schulz 1994, capítulo 7. Penna 1997, p. 59. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome constituição 1891 Leal 1976. Rodrigues, Seitenfus & Boechat 1995, capítulo 15.5. Cardim 2008, pp. 225–78. Rodrigues, Seitenfus & Boechat 1995, pp. 265–69. Vinhosa 1990. Taunay 1893. Nassif 2007, pp. 69–107. Carvalho 2004b. Martins 1997. Moniz 1984. Sevcenko 2010. Moura 2003. Thompson 1934. Roland 2000. Forjaz 1977. Aggio, Barbosa & Coelho 2002, pp. 17–25. McCann 2007, p. 386. Bueno 2003, pp. 328, 331. Maluf 2009. Aggio, Barbosa & Coelho 2002, pp. 26–28. Fausto & Devoto 2005, p. 249. Fausto & Devoto 2005, p. 267. Seitenfus 2000, pp. 116–68. Seitenfus 2000, Capítulo 5, seções 5.1.1 à 5.1.3. a b Silva 1971. Sander 2007. Castro, Izecksohn & Kraay 2004. Skidmore 2003, p. 173. Fausto & Devoto 2005, p. 281. McCann 2007, p. 553: "O governo eleito que Dutra presidiu de 1946 a 1951 foi sustentado pelo exército intervencionista conservador e não por uma entidade subitamente democrática. …Dutra traçou um paralelo significativo (declarando à época): "Pela grandeza do Brasil, assim foi em 15/11/1889 e em 29/10/1945." A seu ver, as derrubadas de D.Pedro II e Vargas eram análogas e tinham o mesmo propósito" Skidmore 2003, pp. 182–83. Bueno 2003, pp. 346–47. Skidmore 2003, pp. 188–94. Skidmore 2003, p. 201. Skidmore 2003, pp. 202–3. Skidmore 2003, p. 204. Skidmore 2003, pp. 204–5. Skidmore 2003, pp. 209–10. Skidmore 2003, p. 210. Fausto & Devoto 2005, p. 397. Gaspari 2002a, pp. 141–42. Gaspari 2002a, p. 35. Vários autores-juristas 2011, pp. 130-31. Chirio 2012, pp. 122-23, 185-86. «Uma vida marcada pela ditadura». Isto é. 22 de fevereiro de 2013. Arquivado do original em 4 de julho de 2014  «Crianças em torturas na ditadura». R7. Record. 11 de junho de 2013  Barboza 2008, p. 260. Fausto & Devoto 2005, p. 422. Guerra 2012. Mota 2000, p. 201 2º§. Ferreira 2004. Mota 2000. Abreu 2006, pp. 79 à 81. Mendonça 2004. Fausto & Devoto 2005, p. 460. Alex 1987. «Constituição de 1988 completa 25 anos». Agência Brasil. 4 de outubro de 2013  Fausto & Devoto 2005, pp. 464–65. a b Fausto & Devoto 2005, p. 482. Paiva 2009. Fausto & Devoto 2005, pp. 465, 475. Fausto & Devoto 2005, p. 474. Fausto & Devoto 2005, p. 502. «A eleição de Dilma Rousseff». O Estado de S. Paulo. 2 de novembro de 2010. Arquivado do original em 14 de maio de 2011  Portal Terra, ed. (21 de junho de 2013). «Governo brasileiro é pressionado por históricos protestos». Consultado em 25 de junho de 2013  «Governo Dilma tem aprovação de 9%, aponta pesquisa Ibope». G1. 1 de julho de 2015. Consultado em 31 de agosto de 2016  «Senado aprova abertura de processo de impeachment e afasta Dilma por 180 dias». Senado Federal. 12 de maio de 2016. Consultado em 9 de junho de 2016  «Senado cassa mandato de Dilma; Congresso dará posse efetiva a Temer». Folha de S.Paulo. 31 de agosto de 2016. Consultado em 31 de agosto de 2016  «Lula é condenado por unanimidade por corrupção e lavagem de dinheiro». O Globo. 24 de janeiro de 2018  «Jair Bolsonaro é eleito presidente do Brasil». VEJA. 28 de outubro de 2018  Tribunal Superior Eleitoral (ed.). «Resultados – TSE». Consultado em 30 de outubro de 2022. Cópia arquivada em 2 de novembro de 2022  CNN Brasil, ed. (30 de outubro de 2022). «Disputa entre Lula e Bolsonaro é a eleição para presidente mais acirrada da história». Consultado em 1 de novembro de 2022  Victoria Borges (30 de outubro de 2022). UOL, ed. «Bolsonaro é o primeiro presidente do Brasil a não conseguir se reeleger». Consultado em 1 de novembro de 2022 


    Erro de citação: Existem etiquetas <ref> para um grupo chamado "lower-alpha", mas não foi encontrada nenhuma etiqueta <references group="lower-alpha"/> correspondente

    Leia menos

Livro de frases

Olá
Olá
Mundo
Mundo
Olá Mundo
Olá Mundo
obrigada
obrigada
Adeus
Adeus
Sim
Sim
Não
Não
Como você está?
Como você está?
Tudo bem, obrigado
Tudo bem, obrigado
Quanto isso custa?
Quanto isso custa?
Zero
Zero
Um
Um

Onde você pode dormir perto Brasil ?

Booking.com
487.408 visitas no total, 9.187 Pontos de interesse, 404 Destinos, 34 visitas hoje.