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Aborígenes no Território do Norte, 1905

A habitação humana da Austrália teve seu início estimado entre 48 000 e 42 000 anos atrás, possivelmente com a migração de pessoas por pontes de terra e por cruzamentos pelo mar de curta distância, no que é atualmente o sudeste da Ásia.[1]

Estes primeiros habitantes podem ter sido antepassados dos modernos indígenas australianos. Na época da colonização europeia no final do século XVIII, a maioria dos indígenas australianos eram caçadores-coletores, com uma complexa cultura oral e valores espirituais com base em reverência à terra e uma crença no Tempo do Sonho.[2]

Os habitantes das Ilhas do Estreito de Torres, etnicamente melanésios, foram originalmente horticultores e caçadores-coletores.[2]

Embora exista a teoria da descoberta da Austrália pelos portugueses,[3] há quem tenha como o primeiro avistamento europeu registrado do continente australiano e o primeiro desembarque europeu na sua costa foram atribuídos ao navegador holandês Willem Janszoon, que avistou a costa da Península do Cabo York em uma data desconhecida no começo de 1606: ele fez o desembarque em 26 de fevereiro no rio Pennefather na costa ocidental do Cabo York, perto da cidade moderna de Weipa.[4]

 

James Cook, o primeiro europeu a mapear a costa leste da Austrália, em 1770

O holandês traçou todo o litoral oeste e norte da "Nova Holanda", durante o século XVII, mas não fez nenhuma tentativa de colonização.[4] Em 1770, James Cook navegou ao longo e mapeou a costa leste da Austrália, que chamou de Nova Gales do Sul e reivindicou para o Reino Unido.[5] As descobertas de Cook prepararam o caminho para a criação de uma nova colônia penal. A colônia da Coroa Britânica de Nova Gales do Sul foi formada em 26 de janeiro de 1788, quando o Capitão Arthur Phillip levou a Primeira Frota à Port Jackson.[6] Esta data tornou-se o Dia da Austrália, o principal feriado nacional do país. A Terra de Van Diemen, hoje conhecida como Tasmânia, foi colonizada em 1803 e tornou-se uma colônia separada em 1825.[7] O Reino Unido reclamou a parte ocidental da Austrália em 1828.[8]

Colônias separadas foram esculpidas a partir de partes de Nova Gales do Sul: Austrália Meridional em 1836, Vitória em 1851, e Queensland em 1859.[9] O Território do Norte foi fundado em 1911, quando ele foi retirado da Austrália Meridional.[10] A Austrália Meridional foi fundada como uma "província livre", que nunca foi uma colônia penal.[11] Vitória e Austrália Ocidental também foram fundadas como "livres", mas depois aceitaram transportar presos.[12][13] Uma campanha de colonos da Nova Gales do Sul levou ao fim o transporte de condenados para a colônia; o último navio com condenados chegou em 1848.[14]

A população nativa, estimada em 350 mil na época da colonização europeia,[15] diminuiu drasticamente 150 anos após a colonização, principalmente devido a doenças infecciosas.[16] As "gerações roubadas" (remoção de crianças aborígenes de suas famílias), que historiadores como Henry Reynolds alegam que poderia ser considerado um genocídio,[17] pode ter contribuído para o declínio da população indígena.[18]

 

Port Arthur, na Tasmânia, foi a maior prisão da Austrália para degredados.

Tais interpretações da história aborígenes são disputadas por comentaristas conservadores como o ex-primeiro-ministro John Howard como exageradas ou fabricadas por motivos políticos ou ideológicos.[19] Este debate é conhecido na Austrália como as Guerras da História.[20] O governo federal ganhou o poder de fazer leis com relação aos aborígines na sequência do referendo de 1967.[21] A propriedade das terras tradicionais (chamadas native title) não era reconhecida até 1992, quando a Suprema Corte da Austrália, durante o Caso Mabo contra Queensland (No 2), derrubou a noção da Austrália como terra nullius ("terra pertencem a ninguém") antes da ocupação europeia.[22]

A corrida do ouro começou na Austrália no início da década de 1850[23] e a rebelião de Eureka Stockade contra as taxas de licença de mineração em 1854 foi uma expressão inicial de desobediência civil.[24] Entre 1855 e 1890, as seis colônias individualmente adquiriram um governo responsável, gerindo a maioria dos seus próprios assuntos, enquanto parte restante do Império Britânico.[25] O Instituto Colonial em Londres manteve o controle de alguns assuntos, nomeadamente dos negócios estrangeiros,[26] defesa,[27] e de transporte marítimo internacional.

Em 1 de janeiro de 1901, a federação das colônias foi realizada após uma década de planejamento, consulta e votação.[28] A Comunidade da Austrália foi criada e tornou-se um domínio do Império Britânico em 1907. O Território da Capital Federal (mais tarde rebatizado para Território da Capital da Austrália) foi formado em 1911 como a localização para a futura capital federal de Camberra. Melbourne foi a sede temporária do governo entre 1901 e 1927, enquanto Camberra era construída.[29] O Território do Norte foi transferido do controle do governo da Austrália Meridional para o parlamento federal, em 1911.[30]

 

O Last Post é tocado em uma cerimônia do Dia ANZAC, em um subúrbio de Melbourne, Vitória. Cerimônias semelhantes são realizadas na maioria dos subúrbios e vilas.

Em 1914, a Austrália foi aliada do Reino Unido durante a Primeira Guerra Mundial, com o apoio do Partido Liberal e do Partido Trabalhista.[31] Os australianos participaram em muitas das grandes batalhas travadas na Frente Ocidental.[32] Dos cerca de 416 mil soldados que serviram, cerca de 60 mil foram mortos e outros 152 mil ficaram feridos.[33] Muitos australianos consideram a derrota da ANZAC (Forças Armadas da Austrália e Nova Zelândia) em Galípoli, atual Turquia, como o nascimento da nação, sua primeira grande ação militar.[34][35] A Campanha do Trilho de Kokoda é considerada por muitos como um evento definidor análogo da nação na Segunda Guerra Mundial.[36]

O Estatuto de Westminster (1931) terminou formalmente com a maioria das ligações constitucionais entre a Austrália e o Reino Unido. A Austrália adotou o estatuto em 1942,[37] mas com efeitos retroativos a 1939 para confirmar a validade da legislação aprovada pelo Parlamento australiano durante a Segunda Guerra Mundial.[38][39] O choque da derrota da Inglaterra na Ásia em 1942 e a ameaça da invasão japonesa fez com que a Austrália olhasse para os Estados Unidos como um novo aliado e protetor.[40] Desde 1951, a Austrália tem sido um aliado militar formal dos Estados Unidos, nos termos do tratado ANZUS.[41]

Após a Segunda Guerra Mundial, a Austrália encorajou a imigração da Europa. Desde os anos 1970 e após a abolição da política Austrália Branca, a imigração da Ásia e de outros lugares também foi promovida.[42] Como resultado, a demografia, cultura e autoimagem da Austrália foram transformadas.[43] Os laços constitucionais finais entre a Austrália e o Reino Unido foram cortados com a aprovação do Australia Act 1986, acabando com qualquer papel britânico no governo dos estados australianos e, fechando a possibilidade de recurso judicial para o Privy Council, em Londres.[44] Em um referendo de 1999, 55% dos eleitores australianos e uma maioria em cada estado australiano rejeitou a proposta do país se tornar uma república com um presidente nomeado pelo voto de dois terços de ambas as Casas do Parlamento Australiano. Desde a eleição do Governo Whitlam em 1972,[45] tem existido um foco crescente na política externa dos laços com outras nações do Pacífico, mantendo laços estreitos com os aliados tradicionais da Austrália e com parceiros comerciais.[46]