O canal de Suez (em árabe: قناة السويس Qanāt al-Suways) é uma via navegável artificial a nível do mar localizada no Egito, entre o mar Mediterrâneo e o mar Vermelho (golfo de Suez). Inaugurado em 17 de novembro de 1869, após 10 anos de construção, permite que navios viajem entre a Europa e a Ásia Meridional sem ter de navegar em torno de África, reduzindo assim a distância da viagem marítima entre o continente europeu e a Índia em cerca de 7 mil quilômetros. Na ponta norte do canal está Porto Said, onde existem duas saídas para o mar; no lado sul está a cidade de Suez, onde há uma saída para o mar. Ismaília está em sua margem oeste, a 3 km a partir da metade do canal. Em 2012, 17 225 navios atravessaram a passagem de Suez, uma média de 47 por dia.
Quando construído, o canal tinha 164 km de comprimento e 8 metros de profundidade. Depois de vários alargam...Ler mais
O canal de Suez (em árabe: قناة السويس Qanāt al-Suways) é uma via navegável artificial a nível do mar localizada no Egito, entre o mar Mediterrâneo e o mar Vermelho (golfo de Suez). Inaugurado em 17 de novembro de 1869, após 10 anos de construção, permite que navios viajem entre a Europa e a Ásia Meridional sem ter de navegar em torno de África, reduzindo assim a distância da viagem marítima entre o continente europeu e a Índia em cerca de 7 mil quilômetros. Na ponta norte do canal está Porto Said, onde existem duas saídas para o mar; no lado sul está a cidade de Suez, onde há uma saída para o mar. Ismaília está em sua margem oeste, a 3 km a partir da metade do canal. Em 2012, 17 225 navios atravessaram a passagem de Suez, uma média de 47 por dia.
Quando construído, o canal tinha 164 km de comprimento e 8 metros de profundidade. Depois de vários alargamentos, tem 193,30 km de comprimento, 24 m de profundidade e 205 metros de largura. A passagem consiste do canal de acesso norte de 22 km, do próprio canal de 162,25 km e do acesso sul, de 9 km.
O canal tem paradas na passagem de Ballah e no Grande Lago Amargo. A via não contém eclusas; a água do mar flui livremente através dela. Em geral, o canal a norte dos lagos amargos fluem para o norte no inverno e para o sul no verão. A sul dos lagos, as águas seguem a maré em Suez. O canal pertence e é mantido pela Autoridade do Canal do Suez (SCA) do governo do Egito. Nos termos da Convenção de Constantinopla, ele pode ser usado "em tempo de guerra como em tempo de paz, por todos os navios de comércio ou de guerra, sem distinção de bandeira".
Em agosto de 2014, foi iniciada a expansão da passagem de Ballah em 35 km, ao custo de 8,4 bilhões de dólares, para aumentar a capacidade do canal. O financiamento foi providenciado através da emissão de certificados de investimento exclusivamente para entidades e indivíduos egípcios. Esta expansão deve dobrar a capacidade do canal de Suez 49 para 97 navios por dia. O "Novo Canal de Suez", como a expansão foi apelidada, foi inaugurado em uma cerimônia no dia 6 de agosto de 2015.
A companhia Suez de Ferdinand de Lesseps construiu o canal entre 1859 e 1869. No final dos trabalhos, o Egito e a França eram os proprietários do canal. Estima-se que 1,5 milhão de egípcios tenham participado da construção do canal e que 120 000 morreram, principalmente de cólera.
Em 17 de fevereiro de 1867, o primeiro navio atravessou o canal, mas a inauguração oficial foi em 7 de novembro de 1869. O imperador da França Napoleão III, não estava presente, estando enfermo, sendo representado pela sua esposa a imperatriz Eugenia, sobrinha do próprio Lesseps. Ao contrário da crença popular, a ópera Aida não foi encomendada ao compositor italiano Giuseppe Verdi para ser apresentada na inauguração, que só foi concluída e apresentada dois anos depois. Também esteve presente como jornalista convidado, o escritor português Eça de Queiroz escrevendo uma reportagem para o Diário de Notícias de Lisboa.[1]
A dívida externa do Egito obrigou o país a vender sua parte do canal ao Reino Unido, que garantia assim sua rota para as Índias. Essa compra, conduzida pelo primeiro-ministro Disraeli, foi financiada por um empréstimo junto ao Banco Rotschild. As tropas britânicas instalaram-se às margens do canal para protegê-lo em 1882. A Convenção de Constantinopla (1888) estabeleceu a neutralidade do canal que, mesmo em tempos de guerra, deveria servir a qualquer nação. Mais tarde, durante a Primeira Guerra Mundial, os britânicos negociaram o Acordo Sykes-Picot, que dividia o Oriente Médio de modo a afastar a influência francesa do canal.
Crise de SuezEm 26 de julho de 1956, Gamal Abdel Nasser nacionalizou a companhia do canal com o intuito de financiar a construção da Barragem de Assuã, após a recusa dos Estados Unidos de fornecer os fundos necessários. Em represália, os bens egípcios foram congelados e a ajuda alimentar suprimida. Os principais acionários do canal eram, então, os britânicos e os franceses. Além disso, Nasser denuncia a presença colonial do Reino Unido no Oriente Médio e apoia os nacionalistas na Guerra da Argélia.[2]
O Reino Unido, a França e Israel se lançam então numa operação militar, batizada Operação Mosqueteiro, em 29 de outubro de 1956. A Crise de Suez durou uma semana. A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou a legitimidade egípcia e condenou a expedição franco-israelo-britânica com uma resolução.[3][4][5][6]
Com a Guerra dos Seis Dias em 1967, o canal permaneceu fechado até 1975, com uma força de manutenção da paz da ONU, a qual permaneceu lá estacionada até 1979. Após a Guerra do Yom Kipur, em 1973, o canal foi desminado pelas marinhas americana e britânica. O canal foi reaberto ao tráfego em 1975 pelo presidente egípcio Anwar Sadat. As fortificações do exército israelense ao longo do canal foram retiradas.
Expansão Porta-avião USS America (CV-66) cruzando o canal de Suez em 1981 Imagem de satélite do canal de Suez antes e depois da expansão de 2015Devido à intensa utilização, em meados do século XX foi apontada a necessidade de ampliação das dimensões do canal, de forma a permitir a passagem de maior quantidade de embarcações por dia. Em 1963 o governo norte-americano cogitou a possibilidade de escavar um novo canal em Israel, para servir como alternativa de navegação ao canal de Suez.[7] Esse projeto envolvia a utilização de 520 bombas nucleares,[7] totalizado a potência somada de 1,04 gigatoneladas, para detonar as rochas e abrir o caminho deste canal alternativo.[8][9] Contudo, em decorrência de descobertas relacionadas à possibilidade de existência de contaminações radioativas remanescentes a longo termo após a detonação de bombas nucleares, a ideia foi abandonada.[9]
Em 2015 foi inaugurada a expansão do canal de Suez, que permitirá dobrar até 2023 o fluxo diário de embarcações. Para tanto foi construída uma nova "faixa", de 35 km, paralela ao canal já existente, e a dragagem de um trecho de 37 km para torná-lo mais profundo e largo, permitindo a travessia de navios maiores. Os barcos podem agora viajar nas duas direções ao longo de todo o canal, numa viagem de onze horas, diminuindo em sete horas do tempo atual.[10]
A obra permitirá, segundo estimativas do governo, um aumento na arrecadação de 5,3 bilhões de dólares para 13,2 bilhões de dólares até 2023, enquanto espera-se que comporte um número maior de embarcações que cruzam o canal por dia de 49 para 97.[11] Tais projeções, no entanto, sofrem críticas de especialistas que só enxergam possibilidade de confirmação caso o comércio mundial tenha um crescimento anual de 9%.[12]
Bloqueio de 2021No dia 23 de março de 2021, por volta das 05h40 UTC (07h40 hora local no Egito),[13] o Canal de Suez foi bloqueado em ambos os sentidos por um navio cargueiro de 220 mil toneladas e 400 metros de comprimento, chamado Ever Given[14] O navio, operado pela Evergreen Marine, estava a caminho da China para a Holanda quando encalhou depois que, alegadamente, uma forte rajada de vento o tirou do curso.[15] Ao encalhar, Ever Given virou de lado, bloqueando completamente o canal.[15][13]
Embora haja uma seção mais antiga do canal que poderia ter ajudado a contornar a obstrução, este incidente em particular aconteceu em uma seção do canal com apenas uma passagem.[15] A obstrução gerou um congestionamento no tráfego de navios na região e causou discussões sobre impactos econômicos na Europa, com diversas empresas cargueiras considerando fazer a rota do cabo da Boa Esperança dando a volta na África.[16]
No dia 29 de Março de 2021 às 4h30 (horário local), o navio foi desencalhado dos sedimentos e voltou a flutuar.[17] A agência de governo do Egito que gerencia o Canal de Suez informou que a navegação foi liberada às 19h00 do mesmo dia.[18] As perdas econômicas ligadas direta ou indiretamente ao fechamento do canal podem ter passado dos US$ 50 bilhões (300 bilhões de reais).[18][19][20]
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