São Pedro e Miquelão

São Pedro e Miquelão, São Pedro e Miquelon ou Saint-Pierre e Miquelon (em francês: Saint-Pierre-et-Miquelon), oficialmente Coletividade de Ultramar de São Pedro e Miquelão (em francês: Collectivité d'Outre-mer de Saint-Pierre-et-Miquelon), é uma coletividade de ultramar da França situado no noroeste do oceano Atlântico, perto da província canadense de Terra Nova e Labrador, a mais de 1 800 km a Leste de Montreal. É a única parte da Nova França que permanece sob controle francês, com uma área de 242 km² e uma população de 6 080 habitantes no censo de janeiro de 2011.

As ilhas estão situadas na entrada da Baía da Fortuna, que se estende para a costa sudoeste de Terra Nova, perto dos Grandes Bancos. a 3 819 quilômetros de Brest, o ponto mais próximo da França Metropolitana, mas apenas 25 quilômetros da península de Burin em Terra Nova.

As ilhas foram descobertas em 1520 pelo navegador português João Álvares Fagundes que as batizou como "ilhas das Onze Mil Virgens". No entanto, o rei designa-as por "ilhas Verdes". São Pedro e Miquelão tornou-se uma possessão francesa em 1536, quando foram reclamadas por Jacques Cartier em nome do rei da França.[1] Embora já tenham sido frequentadas pelos povos Micmac[2] e por pescadores bascos e bretões,[1] as ilhas não foram permanentemente habitadas até o final do século XVII: quatro habitantes permanentes foram contados em 1670 e 22 em 1691.[1]

Em 1670, durante o mandato de Jean Talon como intendente da Nova França, um oficial francês anexou as ilhas quando encontrou uma dúzia de pescadores franceses acampados lá. A Marinha Real Britânica logo começou a assediar os franceses, saqueando seus acampamentos e navios.[2] No início dos anos 1700, as ilhas foram novamente desabitadas e foram cedidas aos britânicos pelo Tratado de Utrecht, que encerrou a Guerra da Sucessão Espanhola em 1713.[2]

Nos termos do Tratado de Paris de 1763, que pôs fim à Guerra dos Sete Anos, a França cedeu todas as suas possessões situadas na América do Norte, mas São Pedro e Miquelão foram devolvidos à França. A França também manteve direitos de pesca nas costas de Terra Nova.[3]

 São Pedro, Le Quai La Roncière, 1887

Com a França aliada aos estadunidenses durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos, o Reino Unido invadiu e arrasou a colônia em 1778, enviando toda a população de 2 mil pessoas para a França.[4] Em 1793, os britânicos desembarcaram em São Pedro e, no ano seguinte, expulsaram a população francesa e tentaram instalar colonos britânicos.[2] A colônia britânica foi, por sua vez, saqueada pelas tropas francesas em 1796. O Tratado de Amiens de 1802 devolveu as ilhas à França, mas o Reino Unido reocupou-as quando as hostilidades recomeçaram no ano seguinte.[2]

O Tratado de Paris de 1814, devolveu o território à França, embora a Grã-Bretanha os ocupasse novamente durante a Guerra dos Cem Dias. A França então reivindicou as ilhas que na época estavam desabitadas e com todas as estruturas e edifícios destruídos ou em condições precárias.[2] As ilhas foram reassentadas em 1816. Os colonos eram principalmente bascos, bretões, normandos, que se juntaram com vários outros elementos, particularmente da ilha vizinha de Terra Nova.[1] Somente em meados do século, o aumento da pesca trouxe uma certa prosperidade para a pequena colônia.[2]

 São Pedro em 1921

Durante o início da década de 1910, a colônia sofreu severamente com o resultado de pescas não lucrativas, e um grande número de pessoas emigraram para Nova Escócia e Quebec.[5] O projeto imposto a todos os habitantes do sexo masculino com idade de recrutamento após o início da Primeira Guerra Mundial prejudicou as pescas, que não podiam ser processadas pelas pessoas mais velhas e pelas mulheres e crianças.[5] Cerca de 400 homens da colônia serviram no exército francês durante a Primeira Guerra Mundial, dos quais 25% morreram.[6] O aumento da adoção de arrastões a vapor nas pescarias também contribuiu para a redução das oportunidades de emprego.[5]

O contrabando sempre foi uma atividade econômica importante nas ilhas, mas tornou-se especialmente proeminente na década de 1920 com a instituição da Lei seca nos Estados Unidos.[6] Em 1931, o arquipélago teria importado 6 871 550 litros de uísque do Canadá em 12 meses, a maior parte para ser contrabandeada para os Estados Unidos.[7] O fim da proibição em 1933 mergulhou o território na depressão econômica.[8]

Durante a Segunda Guerra Mundial, apesar da oposição do Canadá, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, Charles de Gaulle tomou o arquipélago da França de Vichy, ao qual o governo local havia prometeu sua fidelidade. Em um referendo no dia seguinte, a população aprovou a mudança de controle para a França Livre.[9]

O arquipélago tornou-se um território de ultramar em 1946. Após o referendo constitucional francês de 1958, as ilhas tiveram a opção de se integrar plenamente à França, tornar-se um estado autônomo na Comunidade Francesa ou preservar o estatuto de território ultramarino; decidiram permanecer como um território.[10] Em 1976, as ilhas se transformaram em um departamento de ultramar, antes de se tornar uma coletividade territorial em 1985, com um estatuto especial. Desde março de 2003, São Pedro e Miquelão são uma coletividade de ultramar.[11]

a b c d «Le recensement de la population à Saint-Pierre-et-Miquelon» (PDF). INSEE. Agosto de 2000. Consultado em 12 de setembro de 2017  a b c d e f g France's Overseas Frontier: Départements Et Territoires D'outre-mer, p. 33, no Google Livros By Robert Aldrich, John Connell Atlantic Canada, p. 15, no Google Livros By Benoit Prieur The French Atlantic: travels in culture and history, p. 97, no Google Livros By Bill Marshall a b c   Chisholm, Hugh, ed. (1911). «[[s:en:1911 Encyclopædia Britannica/|]]». Encyclopædia Britannica (em inglês) 11.ª ed. Encyclopædia Britannica, Inc. (atualmente em domínio público)  a b The Fog of War: Censorship of Canada's Media in World War II, p. 59, no Google Livros By Mark Bourrie «St. Pierre And Miquelon Imported 1,815,271 Gallons From Canada in Twelve Months». The New York Times. 25 outubro de 1931. Consultado em 14 de setembro de 2017  «St Pierre and Miquelon». BBC News. 2 de novembro de 2011. Consultado em 14 de setembro de 2017  War, cooperation, and conflict: the European possessions in the Caribbean ..., p. 179, no Google Livros By Fitzroy André Baptiste «St Pierre Stays French». The Calgary Herald. 18 de dezembro de 1958. Consultado em 14 de setembro de 2017  «Le recensement de la population à Saint-Pierre-et-Miquelon en 2006». Insee. Consultado em 14 de setembro de 2017 
Fotografias por:
Statistics: Position
1091
Statistics: Rank
104142

Adicionar novo comentário

Esta questão é para testar se você é um visitante humano ou não a fim de prevenir submissões automáticas de spam.

Segurança
791683452Clique/toque nesta sequência: 4272

Google street view

Onde você pode dormir perto São Pedro e Miquelão ?

Booking.com
489.819 visitas no total, 9.196 Pontos de interesse, 404 Destinos, 70 visitas hoje.